quarta-feira, 16 de maio de 2012

Sem compromisso: uma crônica e duas penas – Mário Prata e Luís Fernando Veríssimo






Ao final do Festival Literário de Porto Alegre (FESTPOA-2012), compareci na ressaca, como chamam o encerramento após o encerramento, quando tudo já havia terminado, eis que ressurge a Literatura pedindo passagem e sendo guiada por dois baluartes da escrita, dois estupendos cronistas, sensacionais na confecção de textos sobre o cotidiano.

De um lado o acanhado com os microfones – Luís Fernando Veríssimo – e ao seu lado – Mário Prata – cronista que aprendi a ler nas páginas do “Estadão” todas as quartas-feiras, assim também, Ignácio de Loyola Brandão, Raquel de Queirós, Caio Fernando Abreu, Augusto Nunes, etc., tempos áureos da literatura brasileira, principalmente da crônica que ganhou peso, tornou-se valiosa, feita com qualidade. E este encontro entre esses dois heróis da crônica moderna aconteceu na “Rua das Palavras”, lá na casa do Quintana, a mesma casa de cultura que serviu de morada a um dos maiores poetas do mundo: Mário Quintana. Foi ali, naquele casarão que acomoda livros e pertences do poeta, além de acumular artistas de muito valor, deu-se um dos mais importantes bate-papos que já pude apreciar. Tudo parecia fluir como numa crônica, sem compromisso, ambiente leve que a cada palavra dos escritores desmanchava o público em risos, estes que simbolizavam o pensar com alegria, o pensar de forma divertida, sem o sisudo discurso acadêmico.

Falaram da crônica como se estivessem envolvidos diante um assunto corriqueiro, banalidades, porém a cada verbete ela aparecia tímida, mas como um dos tipos de textos mais consumidos atualmente. Importantíssima na composição editorial dos jornais periódicos. Ela pode parecer leve, porém, hoje, é vital. Tem o seu “status”, um lugarzinho na Academia. Mediados pela competente jornalista e escritora Cláudia Laitano, editora de Cultura da Zero Hora, os cronistas Prata e Veríssimo foram sensacionais como em seus textos .Leram duas inesquecíveis crônicas: “Envelhescência”,de Mário Prata e lida por Veríssimo e “O Popular”, texto lido por Prata de autoria do escritor gaúcho. A crônica de ontem e a crônica de hoje foram assuntos, de Rubem Braga ao Antônio Prata, de José de Alencar a Fabrício Carpinejar, os dois artistas expuseram os seus saberes e opiniões. Luís Fernando foi muito categórico quando perguntado de um cronista atual que o fascina, e ele logo apontou Antônio Prata, filho de Mário Prata, que escreve na “Folha de São Paulo”.Mário foi logo se derretendo de tanta satisfação e apontou o filho como um dos principais cronistas da atualidade. Prefiro Carpinejar, porém gosto dos textos do Antônio.
A crônica é assim: um papo descontraído, sem compromisso, livre das medidas, adepta do bem-estar, amiga da liberdade, popular. Não envelhece, apenas adquire a experiência e retorna para nos ensinar. Pela “Rua das Palavras”, a crônica fez-me cantar.


Nenhum comentário: