sábado, 19 de abril de 2008

Isabella: bela, morta por feras

Parece que chega ao final o caso Isabella Nardoni, pelo menos para os delegados. Agora a Justiça será a condutora deste caso, que seguindo uma tradição nos tribunais brasileiros, não tem data para se encerrar. Para população e o senso comum este é mais uma caso de um pai descontrolado, casado com a madrasta, cara de Branca de Neve, mas dona de um coração que esconde a maldade. Para as câmeras e os amigos (é claro, da família dos amantes), o casal nutria um profundo amor pela bela Isabella. No supermercado, minutos antes do crime acontecer, a família era toda chamego com a pequena, madrasta de mãos dadas sorrindo com a enteada e o pai saindo feliz empurrando o carrinho que a filha se encontrava.
O Brasil todo parou quando Isabella foi atirada do sexto andar do apartamento onde os Nardoni moravam. O pai de Isabella acusava uma terceira pessoa, a madrasta desesperada, a mãe de Alexandre e a filha (tia de Isabella) pediam por justiça. Caçada aos responsáveis. Quem havia ceifado com uma pequena vida, que acabara de brotar, germinava como as mais belas flores. O pai não teria coragem de realizar tamanha barbárie, a madrasta até que poderia ter sido, pois madrastas sentem ciúmes das filhas de outros casamentos. Para o pai de Alexandre, avô de Isabella, se seu filho fosse o culpado ele mesmo, o avô, o entregaria aos policiais. E a tia da menina bela que afirmava categoricamente que seu irmão não era o culpado, jurava ter um terceiro elemento na história. Os advogados, estes que juraram defender a verdade... Bem, a Justiça Divina se encarrega, tomara!
Na última sexta-feira (18-04-08) o casal Nardoni (madrasta e pai de Isabella) foram indiciados, acusados de crime doloso. Ana Carolina asfixiou Isabella e o pai jogou-a do sexto andar. Um crime que chocou o País, indignando pais, filhos, toda sociedade, mas que vendeu muito (outra barbaridade). Páginas para os jornais, locação de casas para os melhores ângulos dos repórteres fotográficos, delegacia fazendo de sua recepção um cartão de visitas com direito a cadeiras para os espectadores, e mais ao lado, vendedores de pipoca, refrigerante, algodão-doce, cachorro-quente, milho etc, típico de um verdadeiro picadeiro. Nem Tropa de Elite conseguiu levar tantos espectadores para protestarem contra os abusos da polícia. Ganhou os que queriam holofotes, perdeu a perícia pela imprecisão, pois demorou muito para demonstrarem os resultados. Nem mesmo os equipamentos mostrados pelo dominical Fantástico foram capazes de dar dinamicidade aos técnicos. Argumentos essenciais aos advogados que não pouparão esses detalhes.
Esse é mais um crime que poderá terminar injustamente como inúmeros no Brasil por ineficiência de profissionais que confundem justiça com espetáculo. Descanse em paz, Isabella, pois um dia as feras serão condenadas, mesmo que não seja pelos donos do picadeiro.

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