sábado, 2 de maio de 2009

O cigarro e histórias para bebê dormir

Meu pai deixou o cigarro de lado há alguns meses, teve seu período de abstinência e à vontade constante de voltar a tragar a nicotina emitida pelo tabaco, mas se conteve, utilizou-se de sua mente aguçada e não retornou ao fumo. É isso que acontece com a maioria dos ex-fumantes, depois de um período de abstinência retornam ao fumo e muito mais afoitos, pois a vontade supera àquela exposta e declarada no passado e depois disso nunca mais deixam o vício. Alguns preferem atrelar essa impulsividade aos elementos malignos (Diabo e Cia); outros alertam que o vício é mais forte; há aqueles que adiam o ato de deixar de fumar e há sempre um próximo ano.
Minha mãe continua na sua mesopotâmica arte de fumar, é um cigarro a cada dez minutos (ou cinco), depende de seu grau de nervosismo. Diz ela que aproveita todo o cigarro, mas desconfio. Acho que foi apenas um impulso juvenil que a tornou fumante, depois disso o hábito solidificou o vício. Casou-se com o meu pai e juntos abusaram das tragadas.
Esta semana fiquei a me perguntar sobre quanto foi gasto em prol do cigarro nesses trinta e dois anos de casamento dos meus pais, e mais: o que se deixou de comprar em favor dessa apologia ao fumo. Somos fumantes passivos: eu e meus outros três irmãos, nunca colocamos um cigarro em nossos lábios, muitos menos drogas ilícitas como a maconha e desse mal não quero ser a próxima vítima. Também trabalharei para que meus descendentes (por enquanto minha filha Beatriz) não façam parte dessa lista maléfica que a cada ano carrega milhões de pessoas aos túmulos e jazigos. Seria hipócrita se dissesse que apenas o cigarro mata, mas elimina muitos seres humanos da face da Terra. É uma droga social. É muito bonito assistir personagens com um cigarro entre os dedos expondo a fumaça ao meio ambiente e dele se prevalecendo de seu mais alto grau em nossa sociedade
Seja nas obras literárias, nas telenovelas, nos antigos comerciais, hoje guardados pelo youtube, ou nas rodas boêmias, nas festas da society sempre teremos alguém queimando papel, fumando.
Meu pai hoje se exibe perante minha mãe, ela ainda se esquiva e diz que deixará o hábito, mas não acredito, pois há trinta e um anos escuto essa mesma história e durmo com ela. Conversa para bebê dormir.

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