sábado, 23 de janeiro de 2010

Bulling e Cyberbulling



Semana passada recebi um e-mail de uma ex-aluna, lá da cidade de Novo Hamburgo (Rio Grande do Sul). Entre cumprimentos, saudações, perguntas rotineiras, ela lembrou-se de um fato muito importante que aconteceu em sua vida e fui eu capaz de tentar ajudá-la.


Lembro-me que foram poucos os professores que deram suas opiniões sobre o fato. Não quiseram se envolver. O que culminou para a minha decisão de tentar ajudá-la foi nossa ida, eu e os alunos, para a Feira do Livro de Novo Hamburgo, no dia em que Gabriel, aquele que pensa, estava lá autografando seu livro “Rorberto” e proferiu uma palestra aos presentes. O tema navegava pela ignorância do preconceito e como falava com adolescentes Gabriel procurou salientar o preconceito contra os alunos inteligentes, contra aqueles que optam por um penteado distinto dos demais, uma vestimenta diferente, aqueles que curtem um som que não seja o escutado pela maioria e assim foi versando. Minha aluna estava ali e junto dela um bando de preconceituosos.

Descobri mais tarde que a aluna estava sendo vítima do “bulling” e se não bastasse encontrava-se sofrendo o “cyberbulling”. Procurei ler mais sobre o assunto e me informar dessa nova prática pelo menos para mim e outros professores. Fui até um psiquiatra da UFRGS que era um estudioso sobre assunto e ele me explicou que o bulling era antigo nos EUA e que nas escolas americanas essa prática vinha sendo combatida por professores, pais e especialistas. Mas as suas vítimas eram quem faziam história. Depois de tanta humilhação a vítima chega a um estado: ou tentava o suicídio ou matava aqueles que a perseguiam. É assim, basta vermos pela TV o número de mortes nas escolas dos Estados Unidos da América. Um absurdo. Hoje além de hostilizarem, debocharem da vítima pessoalmente, eles utilizam a Internet, dos sites de relacionamentos para intimidarem a vítima. No Brasil essa prática maléfica ganha seus adeptos que antes agiam à surdina do medo da vítima e ultrapassa os bancos escolares navegando por essas redes criadas pelo veículo virtual.

O pai que não policia seu filho pode estar criando um desses maníacos ou pode ter seu pupilo sofrendo ameaças. O mais fácil é vigiá-los e limitar o acesso a esses sítios. Confesso que a minha ignorância foi quem me levou, no ano de 2005, a ficar mais próximo e conhecedor de um tema, que podemos afirmar: é uma prática antiga entre os jovens se darem apelidos, mas sempre há aqueles que não gostam, sentem-se discriminados. Em Taiúva há alguns anos tivemos um ato desse tipo em que o jovem eternamente chamado de gordo se revoltou contra os colegas e professores e acabou matando alguns e ferindo outros, entre eles professores, com a espingarda de seu pai. O fato foi noticiado pelo dominical Fantástico e ganhou a opinião de especialista que aproveitaram para alertarem os pais.

O fato é que lá no Rio Grande do Sul a menina, uma jovem, sofria ameaças continuamente pelo fato de ser homossexual. Até uma comunidade na Internet montaram contra a garota, o mais desagradável: tinha uma legião de fãs. Conversei com minha diretora na época, chamamos os pais da menina e decidimos por apresentar aos nossos alunos palestras trabalhando esse tema. Especialistas não se esconderam, procuraram nos ajudar e esclarecer as dúvidas que pairavam pelas mentes juvenis. Solução: psiquiatra, advogado foram nossos alicerces e desde aquele trabalho que começou com palestras, depois se estendeu para as salas de aula, acabou por apresentar um resultando surpreendente: nossos jovens começaram a se tratarem com mais respeito. A perseguição à garota cessou. Saí de lá sem saber o resultado, mas pelo e-mail que ela me mandou, tudo caminha nos embalos da paz.

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