quarta-feira, 23 de junho de 2010

Essa Senhora chamada Inspiração

Deu vontade de escrever vou lá e escrevo. Não faço como o poeta Fabrício Corsaleti, autor do consagrado "Esquimó", e que esteve na 10ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, que disse ser metódico: dorme às dez horas da noite e acorda às sete, escreve até às nove e depois vai trabalhar (quer dizer que a escrita não é labor? Talvez associe o trabalho ao capital).
Não entro em confronto com a Inspiração, ela possui vida, tem seu tempo, regra o seu caminho,  aparece quando há desejo. Deixa-o em paz. Não realizo nenhum tipo de trabalho (espiritual) para invocá-lo, aparecerá quando desejar, quando o tesão aflorar.
Como é bom escrever quando se tem vontade, quando a Inspiração resolve caminhar junto de ti. Quanta exaltação! Enganam-se aqueles que pensam que a Inspiração aparece apenas nos momentos felizes, na tristeza ela também está para dar carinho, consolo, enxugar às lágrimas derramadas. Ontem mesmo escrevi sobre a vizinha que se jogou aqui do quarto andar, esfacelou-se. Foi enterrada aos prantos dos amigos, inclusive eu. Um admirador dos seus contos, clássicos, estimulantes. Do nada, é o que penso, atirou-se. Morte rápida. Resolvi escrever para me acalmar, mas a lembrança será eterna.
Na semana passada era só alegria, escrevi sobre a felicidade de uma família humilde, paupérrima, que consegiu construir sua casa e sair do aluguel. Via no rosto daquelas crianças "barrigudas", pelos vermes, a felicidade transparecendo no seu sorriso, o pai com seus trinta anos e os cabelos já brancos estimulados pelo labor. Resolvi escrever, fui agraciado com a Inspiração, porém em um momento feliz.
Aquele que resolve escrever tem que aprender a lidar com essa Senhora, temperamental, que só atua quando tem vontade. Não adianta, para escrever só com muita ou apenas a Inspiração.

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