segunda-feira, 8 de novembro de 2010

As vizinhas de dezessete

Correu a vizinha para nos avisar que mais uma menina havia sumido dos arredores de nossa moradia. Mais uma garota entre os seus dezessete anos, cursando a Terceira Série do Ensino Médio, desapareceu.


Agora já era a quarta vítima em menos de um mês, algo de errado acontecera. Pedimos aos pais para que chamassem a polícia, denunciassem e avisassem a imprensa da Região, que quatro meninas de dezessete anos sumiram misteriosamente.

Confesso que fiquei intrigado, perguntava a minha esposa todos os dias quando chegava do Colégio se havia notícias, nada. Nos veículos de comunicação a manchete era sempre a mesma, das meninas desaparecidas; cartazes cobriam portas de lojas, ornamentavam postes, emporcalhavam as ruas e entupiam bueiros.

Correu um boato de que um estuprador estava à solta, mas como apenas vítimas de dezessete anos? Seria alguma marca algum número da preferência desse maníaco? Meu pensamento avançava um pouco mais. Algo de errado acontecera. Não era possível que quatro meninas, da mesma escola, da mesma série e da mesma idade pudessem desaparecer misteriosamente e os pais não alertassem os policiais, não clamassem por ajuda, apenas depois de muita insistência minha e de outros vizinhos é que o caso se dirigiu à Polícia e à Justiça. Todos foram ouvidos, inclusive nós os vizinhos.

Os pais nada apresentavam de substancial, concreto. Eram como aqueles que não fizeram se importar com o desaparecimento de seus pupilos. Desejavam sim viver distante daquelas quatro garotas, mas algo havia ganhado para que se calassem.

Na semana passada a Polícia solucionou o crime e entregou os pais à prisão: eles venderam seus filhos a uma Rede de Cafetões Italianos, a denominada RDI, que atuava no Brasil desde 1981 e tinha como meta, agora, apenas meninas de dezessete anos, pois eram desenvolvidas fisicamente e mentalmente e apresentavam sinais de que ainda permaneciam virgens.

As garotas foram acionadas pela Justiça, mas sumiram e disse não querer retornar para o País. Afirmaram que sofriam muito, mas que o salário supria todas as dificuldades. Esse é o paradigma de pais que possuímos espalhados pelo nosso País e os aproveitadores agem à espreita, prontos a darem o bote.

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