segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Falta de paciência: um argumento para aqueles que não lêem

Convidado para aplicar o vestibular de um Centro Educacional fiquei muito feliz. Estaria do outro lado, aplicador de provas. Alguns alunos estavam ali, ex-discentes também, vi companheiros de trabalho, pessoas de nossa sociedade, vários conhecidos. Ética acima de tudo. Sem risos. Sem conversas desnecessárias. Era impessoal. Ar imponente. Silêncio no ar. Relógios, bonés, celulares, chapéus, bolsas, tudo colocado em um saco plástico, lacrado, nominal e disposto numa mesa, apenas quando o candidato terminasse a avaliação é que pegaria os seus pertences. Rigidez. Modelo arcaico de exames, mas eficientes.

Chegamos a um momento em nossa sociedade que os candidatos a qualquer caso necessitam demonstrar noções a elementos básicos de nossa educação acadêmica. É inadmissível um aluno que sai da Terceira Série do Ensino Médio e não consegue interpretar uma notícia de jornal ou um aluno do Nono Ano do Ensino Fundamental II que não sabe diferenciar palavras parônimas (parecidas. Exemplo: tráfico e tráfego).

A leitura, elemento essencial na aquisição de conhecimento, deve ser incentivada a todo instante, seja por vias normais: os livros impressos, as revistas e jornais, mas, também, via meios eletrônicos. Há que ser dinâmico. Posso começar o incentivo não pelos clássicos e falar sobre livros mais comuns como as sagas vampirescas que levam milhões de jovens, espalhados pelo mundo todo, a ler. Fazer comparações utilizar-se das nuances da Literatura Comparada cabe ao docente, isso faz com que o discente vá tomando contato com os livros essenciais, só que de uma forma prazerosa. É elementar que o professor busque peculiaridades no texto garantindo o interesse do adolescente, e isso temos aos montes em nossas obras, basta o docente ler, pesquisar, deixar de ser babá e retornar às suas origens, somos professores. Temos que ser simpáticos, sim; temos que ser cordiais, sim; mas a nossa função é ensinar.

Quanto aos exames, os vestibulares e concursos tornam suas provas extensas, aumentam seus horários e os textos permeiam todas as questões. Intertextualidade: relação entre os textos, que acabam dando caminhos para o relacionamento entre as disciplinas. Mais do que justo, são muitas horas de maratona, mas as questões, elaboradas dessa maneira, são fundamentais para o incentivo à leitura. Se não leu pelo amor, lerá pela dor. Passará por maus bocados. É aí o nascimento da ausência de paciência. Eles não conseguem concentrar-se mais que duas horas. Anunciou-se o término do tempo mínimo de permanência na sala e lá se lançam os desesperados para sair, até parece que estavam presos. Parecem possuir compromissos seriíssimos, mas é a falta de paciência, ausência de concentração.

Está tragédia tem relação com o hábito da leitura, que infelizmente continua mais e mais distante. No futuro quem lerá será considerado extraterrestre.

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