segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O eletricista

O eletricista chegou e foi logo botando as mãos na massa. Melhor: foi se adiantando ao problema e pegou no cano...do chuveiro para poder trocar aquele aparelho que no sábado havia queimado depois de uma pirotécnica exibição – fumaça para um lado, fogos do outro, estouros e muito cheiro de queimado.

Não me arrisco a realizar estes feitos, deixo para técnicos, que muito sabem do assunto. Perguntei ao eletricista se não era necessário desligar a chave geral, respondeu que não havia necessidade, estava acostumado ao trabalho envolvendo energia. Fiquei observando e ao mesmo tempo apreensivo. Foi aí que começou uma chuva intensa com direito a muitos raios. Insisti que parasse, mas me convenceu com seu não. Não poderia interferir, aquele era o seu trabalho e ele garantia que não tinha perigo. Mas pensei na hipótese de uma descarga energética cair nas imediações e atingir ao pobre coitado que fazia um trabalho em minha casa. Imaginem o tamanho do buraco que provocaria, teria que dar explicações várias, comparecer às rádios, ser capa dos periódicos, além das explicações policiais. Será que a família não me culparia por não ter impedido o eletricista de realizar o seu trabalho? Bem, continuei. Enquanto isso minha esposa perguntava se já estava pronto, respondia que uma peça não se encaixava, e os raios cortavam o céu cinzento mostrando a voracidade da Natureza. Tinha a certeza que deveríamos respeitá-La.

O técnico me relatava que já tomara alguns choques durante esses dez anos trabalhando com eletricidade e que acostumara, porém respondia-lhe que era prudente manter o respeito, pois há muitos casos em que os acidentes se repetem pela falta de prudência do atingido. A televisão mostra dezenas de notícias em que os raios são os maiores causadores de mortes no País durante o verão. Aqui em nossa região esse problema merece alertas diários. Nuvens escuras, sinal de chuva, portanto cuidado com os raios. Saia da piscina, não se esconda debaixo de árvores, evite ficar jogando futebol em campos etc.

Enquanto divagávamos sobre o assunto eis que a sirene do Corpo de Bombeiros soou. Mais um acidente. Não eram vítimas das enchentes, pois deste lado aqui do Brasil isso parece difícil, mas não impossível, porém os acidentes com descargas elétricas matam muito. Um senhor havia sido atingido por um raio enquanto esperava um ônibus para retornar para o seu bairro. Em meio às árvores o idoso foi atingido. Faleceu no próprio local. Seu corpo estava irreconhecível. A notícia chegara e o eletricista terminara o seu trabalho.

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