sábado, 12 de fevereiro de 2011

Entre as pedras e o poder da escrita: de Machado de Assis a auto-ajuda o importante é escrever

Parece que essa abstinência diante do ato de escrever não passa. Penso em escrever, tento articular as idéias, mas parece que elas somem no ar como aquela fumaça dirigida pelo viciado.

O ato de escrever é um sacerdócio, e, como todo, deve sim ser cercado de momentos, horários, disciplina. Há necessidade de você manter com rigor o seu ofício, fazer dele um desafio, propor limites a ser superado, elaborar os seus métodos e a partir daí começar a desfilar as palavras pensadas, utilizando-se da sintaxe invejável, provocando o ardor nas veias daqueles leitores acostumados a assuntos pacíficos.

Vejo que os assuntos polêmicos se conduzidos com maestria comovem os leitores, levam-nos a comprar os exemplares dos periódicos; já no campo dos livros, os de auto-ajuda são os que mais vendem aqueles que mais acalentam aos leitores. Também há que se ter paciência, pois numa sociedade estressada não basta, infelizmente, Machado de Assis. Paulo Coelho, Lya Luft, Gabriel Chalita, Rubem Alves e Augusto Cury tomaram conta do mercado pelo poder literário que possuem, não com a maestria do passado, porém com os vocábulos exigidos por aqueles que procuram por palavras salvadoras. Há tempos as igrejas e suas religiões deixaram de serem abrigos para estes indecisos e o livro de auto-ajuda chegou num momento particular, individual, que aos poucos despertou o interesse de todos.

A maneira de escrever que é peculiar de cada indivíduo escritor acaba sendo variada, e é assim que acertam na forma de escrita, contagiando a tudo e a todos. João Ubaldo Ribeiro prefere escrever durante o período vespertino, bermuda e sem camisa. Hemingway preferia a manhã, a tarde dormia e à noite lia. Outros dormem pela manhã, lêem durante a tarde, mas a maioria é rigorosa, escreve todos os dias, pela manhã principalmente. A escritora Clara Averbuck diz não conseguir viver sem escrever, é mais amante dos livros, da sua escrita, do que da sua própria família.

Enfim, para escrever cotidianamente é necessário rigor, insistência, vontade de escrever, e é claro, não deixar-se abater pelas pedras que a vida oferece ao nosso caminho. E se essas rochas não forem superadas, favor fazer delas uma próxima crônica.

Nenhum comentário: