terça-feira, 21 de junho de 2011

MANIFESTO SAUDOSISTA (Uma homenagem a escrita taquaritinguense)

Quando as pessoas me indagam sobre a cultura taquaritinguense digo que isso é um assunto para horas, principalmente em se tratando do mundo da escrita. Nascem nessas terras de Bernardino José Sampaio, Domingues da Silva, Lino Catarina e tantos outros personagens históricos da nossa narrativa real, uma infinidade de talentos, que com a graça e leveza propiciada pela sua escrita encantam e contagiam milhões de pessoas do mundo todo.

Lá, defronte ao Banco Banespa atende por Santander, nasceu o poeta e tradutor José Paulo Paes, figura presente no movimento concretista, um químico na elaboração de substâncias essenciais para a produção de um belo poema. Considerado um dos três mais importantes tradutores do mundo, José aprendeu línguas através da vontade, da ansiedade pelo conhecimento (elemento em falta hoje nas mentes juvenis). Taquaritinga perdeu o menino tão logo que o mesmo descobriu seu talento e migrou para os grandes centros culturais. Aqui, a cidade de tantos valentes esqueceu a docilidade e estética de seu poeta maior. As pedras, como o concretista disse parecia não lhe reconhecer mais. Alguns ainda perguntam quem foi o homem que dá nome à biblioteca municipal, mas na primeira esquina, após o primeiro gole de qualquer bebida alcoólica acabam por esquecer quem foi aquele José. Alguns tentam inventar e até arriscam: “José não foi aquele da poesia do Carlos Drummond de Andrade?”, acredito na aguçada inteligência literária do cidadão, pois Drummond e José Paulo Paes foram amigos, trocaram idéias nos mais importantes cafés da década de 1960, discutiram sobre o surgimento do movimento concretista, mas logo desfaço a minha opinião, pois o homem de meia idade disse ter gravado, em sua massa cinzenta, apenas o título: “E agora, José?”, devido um comercial de TV popular na década de 1970. Comparação? Que nada, falta do que fazer! Ficou na TV e se imbecilizou. Esqueceu-se dos livros. Por isso que propago aos seres humanos de bem: desliguem a TV! Quanto tempo perdemos ali e esquecemos das páginas que ainda não lemos!

Difícil é quando surge numa rede social, hoje muito em moda, a pergunta sobre Ivete Tannus. Quem foi ela indaga um jovem avesso aos livros, acostumado aos bate-papos da Internet. Logo pergunto se seus professores não lhe explicaram que Ivete perambulou pelas mais importantes universidades do mundo e respirou a mais pura e bela poesia. Ele continuou não sabendo, eu tentando passar pela história gigantesca desta poetisa maior. Assim como este que me questionou há uma infinidade de taquaritinguenses que desconhecem a riqueza de nossa literatura. Se não sabem quem foi Ivete e José Paulo Paes, imaginem se saberão que Horácio Ramalho foi escolhido o “Príncipe dos Poetas Taquaritinguenses” e confeccionou uma das mais belas poesias de nossa literatura brasileira, que aprendi a admirar com a Rita Milanezi, intitulada “Aliança Pobre”. Os sonetos do Comendador João Aiello, que mostra a Vinícius de Morais a qualidade do verdadeiro soneto. Estes que na voz de seu neto, o professor Alexandre Aiello ganha vida, sai do sangue do Comendador e como num passe de mágica contagia àqueles que perto estão. Vamos musicá-los, nobre professor?

Apenas relatamos a posição de uma geração que fez história diante da escrita, mas que até hoje parece serem esquecidos por estes que aqui estão e nada fazem para resgatar tamanha riqueza. Gerações posteriores chegaram inspirados pelos grandes mestres, porém a beleza de outrora não foi esquecida, mesmo com o talento do Neco Pagliuso, do Luisinho Bassoli, do Newton Morselli, do Luiz Fernando, do Manoel J. Pires e do saudoso e talentoso contista, José Martins Sanches Filho, que teve o seu nome atribuído ao nosso Museu, dirigido pela Secretaria Municipal de Cultura, tendo o companheiro Marcos Bonilla como incentivador e a frente do timão.

Desde já conclamo aos senhores taquaritinguenses que passem a vasculhar mais a nossa história e nossa cultura. Garanto que há muito a lhes oferecer. Vá lá, não deixe nossos artistas jogados às pedras como relatou José Paulo Paes em uma de suas inesquecíveis poesias.



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