sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

É pau, é pedra, é o fim do caminho



Prezo pelo texto literário, rodeado de figuras de linguagem, propício àqueles que almejam pensar, exercitar ao seu cérebro, divagar através da vasta imaginação. Porém a crônica pautou minha vida, opto por esse tipo de texto já que o cotidiano me aquece. Poderia sim escrever poesia, traçar um conto ou mesmo escrever uma peça teatral, sou mais uma crônica – rápida, leve e consistente tal quais as demais variedades textuais.

E os acontecimentos das últimas semanas, matérias essenciais à confecção do texto, já que a crônica é uma análise do cotidiano, não estão contribuindo para a elaboração de tais escritos. Imaginem para aquele que deseja o progresso do ser humano... Primeiro a MPB foi levada ao seu mais baixo nível, é lógico depois do “funk”; as letras cantadas por Michel Teló pegaram como “chiclete”, espalharam-se pelo País e como tiririca estas a rodar o mundo. Sucesso para o intérprete? Sim. Não seria melhor pararmos por aqui e deixá-lo ser feliz. Ele não se importa com as críticas, ganha muito dinheiro, pois há milhões de pessoas pagando para escutar este tipo de música, humanos que não se submetem a analisar aquilo que consomem. O mesmo acontece quando compram alimentos, remédios etc. E aí falo da letra, nada a agregar, a fazer-nos pensar.

Outro momento foi a tradicional capacidade do brasileiro em tentar saber o que acontece na vida de seus semelhantes. Não é sem efeito que o programa comandado pelo jornalista Pedro Bial, BBB, está a mais de dez anos no ar conservando um público acostumado a bisbilhotar a vida alheia sem perder a sua audiência. O caso do suposto estupro parece ser mais uma estratégia da equipe global para sim alavancar os seus índices no IBOPE, porém Boninho perdeu às rédeas e a Polícia entrou na jogada. Participante expulso, o programa sofrendo com as inúmeras pressões e a situação é a mesma, continuam assistindo a um festival de bizarrices. Seres confinados em busca de quase dois milhões. Na obra “1984” essa situação era clara. E nós aqui debatendo o óbvio...

A Luiza que voltou do Canadá “bombou” entre os internautas nas redes sociais, comentários vários, jornais expondo os protagonistas, apartamentos sendo vendidos e nós aqui buscando o certo, o correto ou talvez o melhor. Mas será que o melhor não seja isso, esse lixo que a indústria cultural nos passa como o ideal? De fato não! Estamos acostumados a remar com a maré, parece que o inconsciente coletivo acaba agindo nestes momentos, e se você escreve contra é por que leu meia dúzia de livros de filosofia ou escutou algumas músicas do Chico. Que me desculpem estes bestas, pois a ignorância aguçada que lhes cabe ofusca-lhes a visão e ensurdece aos ouvidos (com todo o perdão à Língua Portuguesa, o pleonasmo).

É de suma importância sabermos o que se passa ao nosso redor, porém fazer destes acontecimentos momentos célebres lança-nos num mar de lama, impróprio para chafurdar-se. Vivemos um momento crítico diante da cultura, educação, da busca pelo conhecimento. Estamos perdidos, num estado caótico. E quanto mais acessos à tecnologia conseguiram parece que a ignorância se satisfaz.

Como diria Tom Jobim na voz de Elis Regina, falecida há exatos 30 anos e muito menos lembrada que essas pseudocelebridades: “é pau, é pedra, é o fim do caminho...”. Será?



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