sábado, 14 de janeiro de 2012

Novo ano: as páginas em branco da vida

O ano começou e as promessas aparecem reduzidas a certezas conhecidas, são as páginas em branco do novo ano que serão escritas.

Pedidos são inúmeros, desde o dinheiro, que ganhou vida com o assumir do capital, até aquele que apenas almeja a Felicidade. Entre o dinheiro e a Felicidade o caminho é extenso, confesso que dentre estes dois sou fã da Felicidade. Está certo que o dinheiro ajuda (e muito!), porém não é fundamental, mesmo sendo guiado por uma sociedade articulada pela renda. Fundamentais seriam termos dinheiro e muita Felicidade. Devemos caminhar para alcançarmos estes dois pontos, mas a essência está na Felicidade (quanta Felicidade citada neste parágrafo dá para imaginar o quanto mais vem por aí).

Parece ser fácil conquistá-la, porém a Felicidade se distancia, parece inatingível distante de seres acostumados ao difícil, ao longínquo futuro, estipulado por um ser superior que de tudo sabe e tudo vê. Ela está ali tão perto de ti, afetado pelo tempo gasto com coisas luxuosas, com elementos supérfluos, quesitos desinteressantes perante aos olhos dos que se contagiam e se aliviam com o simples. Gonzaguinha afirmava: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz...”. É sim, buscar o simples, olhar para o original, ao seu lado, agradecer ao Sol pelo dia iluminado, a Lua pela beleza do brilho, as Estrelas por seus caminhos, aos Pássaros pelo canto, ao professor pela oportunidade de ter sido incentivado a buscar ao conhecimento, o jornalista que desseca a notícia e a expõe como elemento primordial no seu editorial como sendo fundamental à sua população; enfim, Felicidade é estar bem consigo, criarmos o nosso próprio caminho para sim contemplar o tesouro escondido.

Estão fadados ao supérfluo esses produtos criados pela mídia para nos fazer felizes, uma Felicidade oferecida como um sentimento mágico, prazeroso, livres da dureza que faz parte da vida. E isso não é escondido na música do filho de Luiz Gonzaga, talvez por isso o simples fosse à solução, a verdadeira e única Felicidade. Exercite o seu pensar e duvide daqueles que tentam a todo custo vendê-la como algo que se adquire de maneira instantânea, como disse Freud: “A vida é árdua demais” e mais a frente em seu primoroso texto, “O Mal Estar da Civilização”, o alemão, pai da Psicanálise, afirma que “o homem é o lobo do próprio lobo”, daí a dúvida perante a um ser acostumado ao enganar, as mentiras, as inverdades, a linguagem demagógica, enviesados pelo seu discurso que segue um determinado AI (Aparelho Ideológico) acostumado a se utilizar de sua ideologia em busca de mais um cordeiro. Atribui-se a está função o nome de Conativa, segundo a Língua Portuguesa, ou, explicitamente, Apelativa.

Eles nos extirparam a maneira de pensar, de criar e recriar o cotidiano. A indústria cultural fabrica promessas de Felicidade, a satisfação imediata, querendo nos livrar do desespero. São assim com os livros de auto-ajuda, as propagandas com itens de beleza, as telenovelas que mostram um cotidiano belo, puro, livre das pedras no meio do caminho.

Tomando a idéia apresentada no desenvolvimento desta crônica, cada um deve criar a sua Felicidade, porém pensando eticamente, buscar a liberdade que não se transforma em libertinagem. Não cairmos na diversão, pois esta é descontrolada, livra-nos do pensar. Isso não é bom. Solidariedade e Amor são gestos simples que ainda trazem a Felicidade.


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