segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A incapacidade da criação

Sempre ensinei aos meus discentes, nas aulas de Redação, que não deveríamos começar um texto pelo título, pois a escolha do nome para aquilo que você escreveu pautaria, limitaria o restante das frases e orações confeccionadas. É como o cavalo atrelado à carroça que com as vendas tapando os seus lados visa apenas sua frente. Os detalhes passam despercebidos, a riqueza é empobrecida por um único gesto. Mas há a exceção, substantivo constante nos ensinamentos voltados à Língua Portuguesa.

Aconteceu comigo, assim como com inúmeros escribas por aí. O título nasceu primeiro, depois vieram às peças elementares do tecido: introdução, desenvolvimento e conclusão. Tríade clássica nos laboratórios de Redação. Perseguiu-me o título durante a semana passada, feito chiclete (e olha que não é nenhum “hit” do Michel Teló), não me largou até o momento que sentei, peguei o papel e a “Bic” e comecei a desenhar as primeiras letras, que passaram ao seu curso normal: frases, orações, períodos etc. Enfim, buscava ao texto num emaranhado de idéias. Era a luz do título que me guiava. Dava forma ao meu filho, mais um. Sei que não são perfeitos, porém os faço com amor; podem não ter às características clássicas adotadas por um genocida ariano para a purificação, no entanto não faço essas especificações. Caminho buscando o perfeito sem discriminação.

Confesso que “A incapacidade criativa” foi meu preferido, mas falou mais alto o que suspirou nos meus ouvidos: “A incapacidade da criação”. Criação como o substantivo perfeito, original, bíblico, histórico e a incapacidade de como há falta de elementos para a concretização do texto. Esta que nos apavora quando os detalhes nos faltam.

Iniciei o texto pelo título, contrariei minhas teorias em busca de um pensamento que parece não ter ficado tão bom assim. Voltarei a adotar os meus métodos e não mais ouvir as vozes subjetivas que nos rondam. Isso talvez seja influencia da oficina de poesia do Fabrício Carpinejar, que a professora Gorete gosta tanto.



Nenhum comentário: