sábado, 18 de agosto de 2012

Salvem as letras


Semana passada encontrei-me com estudantes do curso de Letras, numa dessas exposições acadêmicas regadas a debates, palestras, enfim a estrutura preterida pelo público das universidades.Depois de muitas horas sentado em uma poltrona confortável, ofuscado pelo vocabulário erudito dos palestrantes, senti-me realizado por ter feito parte daquele ciclo, meu conhecimento se renovara. Estava mais pesado por ter acumulado um pouco mais de conhecimento. Que bom!
            No saguão uma mesa esperava repleta de quitutes e guloseimas, regado a um champanha francesa, que fiz questão de não beber. Passei pelos sucos, mas foram os refrigerantes que me fizeram engolir os salgados secos e gordurosos. São nesses momentos que aprofundamos os nossos conhecimentos, trocamos idéias, exercitamos o dialogismo e passamos a nos decepcionar. Como é que futuros professores de Literatura desconhecem escritores diversos, principalmente aqueles que alicerçam ao nosso conhecimento?
            Pode parecer invenção deste meu pensamento que viaja, imagina, cria, falsifica, porém é a mais pura das verdades, lapidada pela destreza daqueles que se dispõem a escrever. É um desabafo, um esclarecimento, um pedido para que tu possas analisar e retirar as suas conclusões, para que os cursos superiores de Letras dignifiquem-se, ganhem em qualidade, desfaça-se dos parasitas e que tenhamos professores assíduos à leitura...
            Ele me perguntou:
            - Há quantos se formou?
            - Há doze anos! E tu quando te formas?
            - Final deste ano. A Literatura faz parte da sua vida?
            - Com certeza! Leio incansavelmente, diuturnamente. Não sei, mas acho que passo dos limites, porém me sinto muito feliz. E tu?
            - Não leio faz dois meses. Desprezo a Literatura recomendada. Li pouco na vida.
            - E por que Letras?
            - Pelo salário, pela maneira fácil de se ganhar dinheiro sendo professor.
            - Estás enganado. A vida docente não é fácil como tu pensas, define. Tem que suar muito para ser valorizado. Recomendo-lhe que não prossigas neste ramo, pois poderá se decepcionar, pois não vejo amor na sua fala, nem pelos livros, muito menos pela docência.
            Terminamos o nosso diálogo, ele seguiu pelos corredores acadêmicos, eu admirando a vida. Na outra ponta da mesa uma garota me chama e diz ser estudante de Literatura Alemã.
            - Então és uma apaixonada por Goethe, Nietzsche, Schopenhauer, Freud, Engels, Marx, Mann?
            - Mas estes são escritores?
            - Sim, uma seleção!
            - De futebol?
            Seguirei lendo...
           
           
           
            

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