Semana passada a cidade de Porto
Alegre (RS) foi inundada. Nuvens negras carregadas jorraram sobre a Porto dos Casais quantidade
pluviométrica suficiente para alguns meses. Aqueles que estivessem sem a arca
que Noé fez para escapar ao dilúvio estavam fadados ao afogamento.
Trânsito
congestionado, ônibus ilhados, homens e mulheres deixando de ir trabalhar, pois
as chuvas não permitiam. Um caos. Milhares de desabrigados, alunos sem aula,
falta de energia elétrica, suspensão do abastecimento de água tratada. Buracos
aos montes e uma infinidade de obras por acabar interrompendo a coragem
daqueles que não tinham como não ir trabalhar, era o pão de cada dia que estava
em jogo, portanto nada de ficar parado esperando ao auxílio e olhos dos nossos
governantes.
Por
falar em governantes, neste momento são eles as pessoas que menos aparecem, são
muito acionados, porém nada de dar entrevistas, visitar aos atingidos ou mesmo
liberar verbas que venha auxiliar a situação calamitosa por que vem passando os
nossos munícipes. Principalmente aqueles que vivem à margem da sociedade,
impedidos pelo descaso e pela incompreensão de uma sociedade injusta e
vingadora, acostumada ao desprezo e a individualidade. Enquanto milhares de
porto-alegrenses eram atingidos e perdiam seus pertences em função das fortes e
torrenciais chuvas, nossos governantes intensificavam a gravação de seus
programas eleitorais, tratavam das agendas e escolhiam ao terno que colocariam
no próximo dia. Nesse mesmo instante, milhares de homens, pais de famílias
perdiam suas poucas mudas de roupas e se fardavam numa camisa só.
Depois
de quatro dias de chuvas intensas o tempo clareou, ou seja, o sol voltou a
brilhar, porém essas famílias que perderam quase tudo, ficando apenas com o
porte da vida, não notaram a veracidade solar, muito menos a ajuda de nossos
governantes; como se os moradores estivessem devendo algum favor àqueles que
nos governam, mas na verdade é obrigação do Poder Executivo amparar essas famílias
afetadas, crianças desorientadas e pais sem poderem trabalhar. Para onde
migrarão? De que viverão? E quando terão seus lares de volta? A resposta que os
assessores de nossos governantes preparam é que depois das eleições, apenas
depois das eleições, mais duas semanas apenas, caso o atual prefeito seja
reeleito, eles terão as suas moradas construídas.
Enquanto
a ajuda em troca de votos não chega cabe aos pais de família e seus entes
permanecerem nos ginásios de esportes dos bairros, improvisados como moradias.
E ainda há aqueles que sonham com suas moradas após a vitória do candidato...
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