“Somos mestres preparados e
dispostos a liderar as mudanças necessárias, que se esforçam cada dia em ser
melhores, fazer melhor o que fazem, e deste modo, melhorar a educação e a
sociedade. Educadores de humanidade, não de uma matéria ou programa, mas de um
projeto, de valores, de uma forma de ser e de sentir. Habitados pela ilusão, a
esperança e responsabilidade”. (Joaquim Barrero)
A
educação nacional vive um período de turbulência, momento em que a repetência e
a progressão continuada surgem como elementos salvadores de uma situação
caótica, porém duas teorias que ao longo de décadas demonstraram a sua
ineficiência.
Na
educação não-formal vivemos um
período de busca de elementos que possam aprimorar a nossa prática, embasarem
as nossas ações e propor novas e eficientes teorias. Mas sofremos com as
agruras de um governo ineficiente, de uma sociedade injusta e de profissionais,
que ainda enveredam para a área educacional em busca do capital. Prática
constante que abala as estruturas qualitativas educacionais e nada contribuem
para o progresso dos educandos, pois educação não-formal se faz com amor, com
dedicação, humildade e prazer, sem esses elementos fica difícil lidar com o ser
humano, provindos das camadas socialmente injustiçadas, discriminados por uma
população acostumada ao desprezo e ao desvalor daqueles que se resumem ao
distanciamento dos centros urbanos, das grandes empresas, dos centros
comerciais, das oportunidades de cultura e lazer que alimentam uma pequena
parcela de nossa população.
E
a saída de nossos governantes? Passar a responsabilidade as ONGs, às fundações
e associações através de políticas monetárias de incentivo às suas atividades e
apenas isso. Caberá as entidades buscar alternativas, recursos extras e
profissionais capacitados para alavancarem o trabalho na educação não-formal.
E
aonde se quer chegar com este texto? Passar ao educador social que devemos sim rever as nossas práticas a cada
planejamento, a cada atividade, a cada frase citada, a cada diálogo proposto e
que não há como se restringir, isolar-se, mas sim procurar ajuda, amparar-se em
profissionais teóricos (através da leitura e a busca pelas teorias) e práticos
(procurar aos profissionais posicionados nos centros educacionais para dar
suporte aos educadores) para dessa forma atingir a satisfação pessoal e,
também, a satisfação dos educandos e do órgão ao qual dedico meu conhecimento.
Para que essa tríade se satisfaça é necessário que a equipe esteja bem, que o
diálogo entre os profissionais seja mantido e que a teoria dê lugar à prática a
fim de que possamos obter o “acontecer”. Só assim conseguiremos
caminhar, procurar alcançar os nossos objetivos, despertar o mundo que existe
em cada educando.
Em
Fé e Alegria não poderia ser
diferente, amparando-se na teoria freireana
e inaciana, cujo diálogo faz-se como elemento vital no
progresso educacional, não cabe a uma equipe pecar pela falta de diálogo ou
mesmo errar pela omissão ou suposição. Equipe não tem gênero, não tem educadores e
subordinados, não há mais e nem
menos, apenas profissionais de áreas diversificadas que comungam em prol do progresso e autonomia do ser humano. Podem sim ter
opiniões distintas, formarem-se em teorias e religiões diferentes, mas jamais
esquecerem-se que o diálogo faz-se sim importante quando buscamos o mesmo
objetivo. Posso sim ter mais afinidade com Fulano ou Sicrano, porém jamais me
esquivar de debater, dialogar com os meus companheiros qual a melhor
alternativa para se trabalhar com os educandos. Práticas como estas em que os
companheiros de trabalho se relacionam são cada vez mais enfatizadas e
procuradas pelos grandes estabelecimentos educacionais, pois a tendência do ser
humano é cada vez mais se isolar, ignorar ao seu semelhante, abster-se do
diálogo. Hoje tu sentas no ônibus ao lado de uma pessoa e não troca uma palavra
com ela, pois o seu fone de ouvido amparado num celular ou em qualquer outro
mecanismo de tecnologia se torna mais importante que o ser humano ao seu lado.
Outro
fator descabido e desnecessário numa relação educacional em formação é a falsa
interpretação, ou seja, a “suposição
achista”, aquela que sufoca e desestrutura milhões de equipes pelo mundo.
Nem sempre o que tu achas é a verdade, por isso quando se emitir uma opinião
sobre alguém, pense em ti, na opinião que outros possuem sobre você. Não
desfaça um trabalho de décadas por pura e simples fofoca, não trabalhe numa
instituição achando que ela é sua, é importante sim conservarmos o ambiente
onde trabalhamos, demonstrando isso aos meus educandos, mas jamais propor “uma
educação pobre para os pobres”, como disse Padre Vélaz. Amar ao próximo
como a ti mesmo não é um princípio que se resume apenas aos estudiosos da
religião ou religiosos, mas a todos aqueles que almejam se dedicarem ao ser
humano, à área educacional.
Precisamos
transformar uma situação, recriar a realidade, confabular pelo mesmo objetivo e
a nossa pedagogia não deve se restringir a uma mera metodologia, deve sim
inspirar a visão sobre a pessoa humana, seus anseios, suas perspectivas e
precisamos motivá-los, mostrar-lhes o (ao) mundo com suas oportunidades e
dificuldades, por isso o limite faz-se necessário numa pedagogia que busca
fazer de seu educando um protagonista. E a nossa intenção através da pedagogia
inaciana e freireana é sim informá-los, porém o desenvolvimento global, o
conhecimento de mundo são mais importantes, elementos de transformação, que
proporcionam o domínio de si. Com diz o Pe. Arrupe: “formamos homens e mulheres para
os outros”, ou seja, uma pessoa amável, comprometida com a justiça,
aberta ao progresso, consciente. De que adianta um teórico intelectual, mas que
ao mesmo tempo é imaturo emocional e moralmente. Cabe a nós educadores sermos
capazes e dispostos a orientarem aos educandos na busca por essa prática.
Mostrar-lhes que o opressor se faz
presente nos dias atuais, instalado em nossa sociedade através de empresas,
faraônicas construções, Redes de TV, jornais, revistas, livros didáticos,
traficantes etc., porém ao oprimido não
cabe apenas a posição de inferior, pelo contrário, é possível sim transformarmos
nossa sociedade e mudarmos a nossa situação, através de atitudes centradas no
combate a injustiça, na busca de conhecimento, da elaboração de alternativas e
na busca do progresso. Esses homens e mulheres que preparamos são pessoas que
deverão acolher, amar, promover, comprometidos com a liberdade e dignidade de
todos os povos, agindo em cooperação com outros, empenhados em modificar a
sociedade e suas estruturas. Ao educador
de Fé e Alegria cabe ser perseverante, dedicado ao amor e cuidado com os
outros, defensores eficazes da justiça, do amor e da paz. Devemos ajudar o
educando a oferecer o que eles são e não aquilo que tem.
O
Educador de Fé e Alegria se indigna com
situações que reforçam o racismo, a pobreza, a violência, a miséria, a
intolerância, a pornografia, o preconceito (como julgamento precoce), opiniões
infundadas, a fofoca, o descaso.
A
Pedagogia da Educação Popular de Fé e Alegria se baseia na formação integral da
pessoa:
a)
A dimensão psícoafetiva com uma pedagogia do amor e da alegria;
b)
A dimensão espiritual com uma pedagogia evangelizadora;
c)
A dimensão corporal, com uma pedagogia da saúde e da valorização e pelo corpo;
d)
A dimensão sociopolítica com uma pedagogia do diálogo e da participação;
e)
A dimensão intelectual com uma pedagogia da pergunta e da pesquisa;
f)
A dimensão produtiva com uma pedagogia do trabalho e do desenvolvimento
sustentável;
g)
A dimensão estética com uma pedagogia da expressão e da criatividade;
h)
A dimensão cultural com uma pedagogia que desperte a multiculturalidade;
i)
A dimensão ética com uma pedagogia dos valores;
j)
A dimensão histórica com uma pedagogia da identidade e da esperança.
Portanto,
ao Educador de Fé e Alegria a liberdade teórica e prática são sim fundamentais
desde que se pautem em suas dimensões, alicerces importantíssimos nesta
caminhada. Com afirmou Padre Vélaz: “Fé e Alegria começa onde termina o asfalto”.
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