sexta-feira, 21 de setembro de 2012

À moda Frankenstein


Admiro a ousadia de algumas meninas, que ao florescer de sua adolescência acham-se prontas para a vida e vão lá até os seus pais e através de um discurso comprado, elaborado pela mídia e por amigas mal intencionadas, almejam se retocarem. E não é o retoque com maquilagem, aquele que lavou está novo, mas o definitivo, aquele que implica a utilização de bisturis, anestesias etc. Elas desejam ter o corpo da garota da capa. Mas que capa? Capa de que? Exemplo e definição de que? Beleza? Paradigma? Pra quem?
Dona de corpos ainda em formação, centenas de jovens se destinam aos consultórios médicos em busca de uma cirurgia para buscar a beleza eterna. Com o aval dos pais. Médicos orientados a obterem cada vez mais prestígio e dinheiro concordam com tal prática e encaminham milhares de adolescentes aos corredores de clinicas, muito bem instaladas, mas não tão melhores que as que o SUS oferecem, sem o auxílio de profissionais gabaritados e preparados para tais práticas. Mesmo correndo o risco de não voltarem mais a esta vida elas continuam a se destinarem a esta prática ilógica e obsessiva. Sinal de que a propaganda emitida pela TV, net, revistas, jornais estão sim surtindo efeitos.
E os pais? Estes na verdade acabam se isentando e levando as adolescentes aos médicos, que instruídos pelas cifras não titubeiam – realizam as operações. É só depositarem o dinheiro na conta do cirurgião e tudo está acordado, mãos à massa. Não há como se esquecer de elencar aqueles pais que como presente de debutantes recorre às cirurgias para agraciarem as suas pupilas.
Nada mais justo num mundo em que os valores se perdem, os filhos são comparados a amigos dos pais e toda sociedade se acostuma a remar a favor da correnteza, mas para onde estamos sendo levados? Um futuro de incertezas e de mulheres mal resolvidas em relação a sua beleza. Se assim continuar teremos num futuro não muito distante mulheres construídas à moda Frankenstein.

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