segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A crônica, banalidade, falta de assunto e alguns aliados

A crônica é um relato do cotidiano e como tal tem que ter um tempo, um tempo certo para ser produzida, lapidada, ajeitada para conquistar aos leitores. Sei que não são muitos, mas os fiéis devem ser muito bem tratados, imbuídos de assuntos que possam ascendê-los em conhecimento.
            Durante esses dois meses que não consegui publicar uma só crônica (rabisquei alguns papéis, criei alguns tópicos, li alguns livros, folheei jornais, embebi-me nas revistas específicas de literatura e língua portuguesa etc.) diversos assuntos foram apresentados ao País e ao mundo, alguns menos importantes aos olhos da mídia (daí a necessidade do cronista que trabalha com a sensibilidade) outros essenciais para o prosseguimento da vida, para o desenvolvimento do Planeta. Os rolezinhos deram margem para muitas discussões. Quis opinar sobre assunto num texto com contexto e conteúdo, mas não fui capaz. Apenas duas ou três linhas publicadas nas redes sociais e um tópico distinto na seção de alguns jornais que contribuo. Crônica que seria o essencial, nada! Não fui capaz. Sei que teria munição, porém a adversidade instalou-se e não produzi absolutamente nada. Recebi diversos e-mails de pessoas que lêem o meu blog, acompanham-me pelo facebook, insistindo nas crônicas que publicava. “Faz tempo que não leio uma crônica sua, tenho saudades...”, “Onde estás as belas crônicas deste cronista nato” (sei que não é bem assim, mas aceito os elogios), “Volte cronista da subjetividade!”. Lembrei-me de Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Lima Barreto, João do Rio, Antônio Prata, Fabrício Carpinejar como modelos a serem seguidos e que pudessem me inspirar. Mas não é problema com a danada da inspiração, trata-se de transpiração. É necessário suar, correr atrás do tema, desenvolver ao texto, buscar elementos para compor um pomposo e inesquecível texto.
            Sei que o cronista é um detalhista, observa tudo, repara em cada detalhe e os que estão em seu entorno não percebem. Gosta de viajar olhando à paisagem, por isso a insistência em procurar sempre a janela dos veículos; olha a cada transeunte, presta atenção nos seus trejeitos, nas suas vestimentas, no seu comportamento. Não almeja fazer fofoca, muito menos intrigas, mas mostrar ao mundo de leitores que o ser humano é simples deve ser simples, e os detalhes, a individualidade, a ousadia, o caráter são elementos que o enriquece. Torço pelo crescimento da Raça Humana, sua evolução, o progresso da saúde, o sucesso da educação, mais moradias, a divisão das riquezas, uma sociedade justa e democrática.

            Às vezes, as crônicas nascem dum suspiro, surgem assim, inesperadamente, de improviso. Não tinha nada para escrever (estava preocupado com esta abstinência) e de repente peguei um jornal da semana passada, li ao editorial e já ali, na terceira página do periódico, brotou a danada da inspiração. Logo me pulei na poltrona e através das teclas do meu computador comecei a escrever, estou aqui ainda, dando algumas tecladas e ver nascer o meu mais novo texto. Concordo com minha esposa que esboça que teria mais assuntos para serem narrados, mas quero me alongar aqui neste, ou seja, falar sobre banalidades. Muita gente morreu na semana passada, mas não tenho habilidade com assuntos fúnebres. Sempre evitei partir pelos traçados de Edgar Alan Poe e pelo conto do Pirotécnico Zacarias, aproveito a vida iluminada, refletida, muitas vezes triste, mas que com o raiar do sol e o clarear de um novo dia tudo vai melhorar. A esperança sempre foi minha aliada, sei que às vezes exagero, mas não a perco, renovo os meus votos de casamento com a mesma e alimento meus pensamentos concentrados ao sonho. Dou vazão aos assuntos cotidianos, mas nem sempre eles são essenciais, devem ser expostos, lapidados, narrados numa crônica. Mortes, tragédias, violência é um prato cheio para aqueles que não almejam trabalhar as idéias, instigarem ao pensamento e quererem conquistar leitores a todo custo. Narro do ponto de vista da realidade, misturo a ficção aliada à subjetividade e tento escrever do meu ponto de vista, daquele que tem o sonho como meta e a esperança como aliado.

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