Quando me lembro da
idade que tenho reavivo a minha memória e uma série de fatos ocorridos são
colocados em forma de narração e um filme é elaborado.
Os trinta e quatro
foram bons, melhor os trinta. Os vinte e oito foram importantes e gostosos,
prazerosos. Deixei tudo em busca de meu Amor. Sai do interior do Estado de São
Paulo e migrei rumo a Capital dos Gaúchos. Apaixonei-me pela cidade e meu amor
se intensificou pela mulher com quem constitui a família, com duas lindas
filhas que nos orgulham. Mas outros momentos foram importantes ao longo destes
trinta e seis anos.
Ao contar 36 anos,
lembro-me que meus pais completaram 38 anos de casados, são muitos anos juntos,
unidos, com suas diferenças, importantes para uma união estável, de amor e
carinho.
Desde os meus primeiros
anos vividos na cidade de Ribeirão Preto, freqüentando aos jornais em que meu
pai trabalhava, convivendo com alguns nomes importantes do jornalismo
brasileiro. A minha memória me mostra muito o José Hamilton Ribeiro e depois a
reavivo com a sua presença constante em reportagens especiais para o “Globo Rural”, o Heraldo do “Jornal Nacional”, o “Galeno”, presidente da Biblioteca Nacional e tantos outros que
conheci pelas narrações de meu pai. Em meio às “Olivettis”, papéis, canetas e livros aprendi a gostar e dar vazão
ao meu amor pelos escritos, a criar as minhas próprias personagens, a construir
as histórias que aqui sempre veiculo. Lembro-me dos cigarros que os jornalistas
consumiam, eram muitos, inúmeros, porém nunca fumei, mesmo tendo meu pai e mãe
alimentando-se do tabaco (os meus outros três irmão também nunca fumaram), o
que realmente me impregnou foi o cheiro de papel, o barulho das máquinas, o
conhecimento que cada homem-jornalista apresentava. Tentei o Jornalismo como
faculdade, não consegui, só realizando este sonho mais tarde, porém amava às
letras, gostava dos livros e sabia que tinha métodos para transmitir
conhecimento. Fiz Letras, aperfeiçoei-me na arte da escrita, embora não escreva
tão bem até hoje, e foi no Ensino, na área da Educação que tive os meus
orgasmos. Arrepio-me só de falar do prazer em dar aulas, gosto do giz, da
lousa, dos antigos jalecos, das conversas na sala de aula. Gosto de passar o
que aprendo, compartilhar, mas também sou fã daqueles que me ensinam, como
muitos alunos o fizeram.
Lembro-me das novenas
de Natal que acompanhava com a minha avó, das músicas que cantávamos e das
peças que encenávamos. Fui da equipe de Liturgia daí a Bíblia ser um livro
essencial em minha vida, hoje intensificada pelos meus estudos e dedicação às
palavras ali descritas. Pulei muito carnaval, saí em blocos, escolas de samba,
diverti-me no “Batatão”. Quantas bebedeiras,
quantas alegrias, muitas aventuras e a vida vivida num dos melhores carnavais
do País (até hoje Taquaritinga é referência em carnavais, seja pelo trio
elétrico, pelas repúblicas, pelos bailes no Clube Imperial, pelos desfiles,
pelas bonecas etc.). Tenho orgulho em dizer que nasci em Taquaritinga, no nordeste
do estado de São Paulo, na região de Ribeirão Preto, em uma cidade alegre,
festeira, que ainda carrega as tradições do interior, vive da agricultura, divide-se
em duas quando o assunto é política partidária, mas que é celeiro de talentos:
Augusto Nunes (jornalista consagrado, hoje apresenta o programa “Roda Viva” na TV Cultura, mas já passou
pelos jornais mais importantes do País: Zero
Hora, O Estado de São Paulo, Revista Veja etc.), o ator Genésio de
Barros (o pai da “Linda” da
telenovela “Amor à Vida”; entre
outros tantos trabalhos na TV e muitos outros no teatro e no cinema), o
jornalista diretor do canal ESPN,
João Palomino, o pentacampeão Edmilson (que jogou pelo São Paulo e Barcelona),
Ivete Tannus, o poeta José Paulo Paes (ganhador do prêmio Jabuti diversas vezes, tradutor, escritor infantil e um amante e
incentivador da leitura). Poderia me estender mais, falar muito mais, porém não
posso me esquecer da minha adolescência, dos anos escolares. Dos trotes na
antiga ETE “DANS”, dos campeonatos de
futebol, dos jornais que produzíamos, dos primeiros artigos que escrevi. Foi
ali, através da Professora Alzira que me despertei e fui incentivado a botar os
meus artigos na vitrina. Lá o professor Wagner me falou a respeito do curso de
Letras, e a docente Sandra Orrico me ensinou o que é a verdadeira literatura. É
lógico que a leitura estava em mim e foi alimentada pelo prazer em dar aula da
professora Eleusa Molinari, que realmente encenava, dava vida aos livros,
ensinava gramática como “comer bife com
batatas”, aulas saborosas, dessas que o Rubem Alves tenta fazer nascer aos
mais jovens, como era bom aprender
Português. Geografia com a Dona Angélica Malacchias e depois com a
monumental Dona Enilda, a História com a Dona Meire de Barros e a Moral e
Cívica com a Dona Zilma (irmã da Dona Meire), da Química com o didático Darci
(lembro-me das nossas discussões nas eleições de 1994 e da Copa do Mundo do mesmo ano em que ele afirmava que a Argentina
seria a campeã daquele campeonato mundial). Bah, foi tantos professores, tantos
amigos, que depois acabei reencontrando quando comecei a lecionar lá em 1998.
Quanta satisfação! Não posso deixar de mencionar o grande Zé Roberto Davóglio
de Física, mais que um professor, um amigo. Assim também o Rogério Fernandes e
a Paula Martinelli. Olha poderia citar outros tantos nomes docentes e que me
marcaram: João Roberto da Silva, Célinha Gabriel, Professor Wilson, Dona
Yollanda de Mello, Silvia Lopes, Izildinha Nascimento, Dona Irinha, pessoas que
fizeram diferença no meu trajeto, nas minhas escolhas, na minha profissão e minha
memória faz questão de saudá-los, alguns já nos deixaram, outros são exemplos
para outras gerações que vieram e ainda estão por vir.
E como não falar dos
amigos de trabalho, dos momentos de aprendizado: Neide Salvagni (um paradigma),
Angela Galatti, Paulo Cedran, Marisa Raposo, Roseli, Luciana, Bel e todos
aqueles que sempre me trataram com carinho e respeito lá na Diretoria Regional
de Ensino (que turma boa de se trabalhar), o pessoal do SENAC-Jaboticabal
(Luci, a quem sempre serei grato), FATEC, ITES, OBJETIVO, COC-Monte Alto, das
escolas estaduais aquém amo de paixão: CARMELA, ANIBAL, NOVE DE JULHO, SILVEIRA
COELHO, FELÍCIA, enfim, foram muitos nestes 36 anos. No Rio Grande do Sul: os
amigos do PROJOVEM, do UNIJÀ, do FÉ E
ALEGRIA, DO CPIJ.
Hoje faço trinta e seis
anos e uma vida passou pela minha memória, muitos acontecimentos que aqui não
puderam ser narrados, mas que estão sim guardados e armazenados no meu coração
e que um dia estarão contidos num livro que fale sobre minha vida. E vamos aos
37...
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