Véspera de
Natal, tumulto nas lojas da cidade, os shoppings
lotados e numa das lojas em que visitávamos chegou até mim a segurança e
exclamou: “Olha só como as pessoas estão
mais calmas, esbarram em ti, pedem desculpa”. Continuo a prestar atenção: “Não é assim os outros dias do ano, isso
acontece por esse clima de Natal, depois tudo volta à mesmice; o Homem mostra a
sua face”. Só concordei... estava com a Valentina no colo e ao mesmo tempo
que prestava atenção nos movimentos pueris de minha filha, admirava a reflexão
poetizada da segurança de uma das lojas daquele centro comercial.
De fato o ser
humano não aprendeu a estender esta data, uma data sagrada para o mundo
cristão, capitalizada pelo mundo globalizado e ávido pelo dinheiro, porém um
momento que se faz necessário para pararmos e refletirmos sobre os nossos
movimentos, nossa situação, pensarmos no nosso futuro, nas nossas decisões,
planejarmos, finalizarmos o ano que pode não ter sido tão saboroso. Nem de
momentos abastados e felizes vive o Homem, os tristes são partes desta jornada
e merecem suas justificativas, pois o efêmero caminha conjugado com o nosso
tempo e tão façamos como Borges que dizia: “a
vida é tão pequena para ser curta”, então cidadão – aproveite-a. Faça
desses momentos infelizes, situações essenciais para o seu crescimento, para
sua evolução. Desanime quando sentir vontade, mais saiba que são estes momentos
e você merece muito mais momentos felizes que estes complexos momentos de
desânimo. Não faça uma tempestade em um copo com água. Saia, curta sua família,
leia, namore, invista numa paixão. Cante, dance, grite quando desejar, mas não
se altere, procure manter a serenidade, pois é com ela que conseguiremos sentir
esse desejo realizado. Aproveite a cada momento.
O quão seria
bom sempre ouvir um bom dia exclamado
com veracidade, com a vontade de que aquele dia seja de fato bom. Relatar e ser
de fato ouvido pelos pares, que não se cansarão de emitir suas dúvidas; que bom
seria ser sempre levado por motoristas de ônibus educados, comprometidos com a
sua função, assim, também, com cobradores que farão desta profissão um exemplo
de educação a ser seguido; menos policiais truculentos com mais amor em seus
corações, menos bandidos vorazes, inescrupulosos, menos sádicos; quão inefável
poderia ser o coração daquele vizinho desalmado, pai e mãe de um filho de
apenas seis anos que perambula pelos corredores do condomínio durante a
madrugada; desejaria que aquele atendente de supermercado agisse sem
discriminação com aquele que tem dinheiro e o outro que parece não ter (as aparências
continuam a enganar...); desejaria aquele beijo sincero, aquele abraço apertado
e a mão dada com confiança (nem muito forte, nem muito fraco o apertão);
desejaria que os jornais, em nome da venda, não mais difundissem matérias
grotescas, sem escrúpulos, dotadas do viés político-partidário.
Hoje já não é
mais Natal, as ruas correm calmas, a chuva cai, muitos dormem, outros curtem as
suas merecidas férias, mas será que serão pacíficos, educados o resto do ano?
Resta esperar, contar com a Esperança e
a Fé de que um dia tudo isso vai
mudar. Sigamos o nosso caminho, modifiquemo-nos se for preciso e conclamemos
aos demais para que ajam como se hoje, amanhã e depois fosse Natal.
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