quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Pedalar eu vou!

Tornar as ciclofaixas e o ciclismo parte do dia-a-dia do brasileiro é uma tarefa árdua, hercúlea. De um lado nossa cultura, alicerçada no comodismo, na obtenção do “tudo fácil”; do outro as pífias e restritas políticas em benefício dessa parte da população.
Os veículos automotores são fruto do consumismo nacional, qualquer cidadão sonha com os dezoito anos para obter a sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e depois dessa etapa concluída, galgar o degrau do tão sonhado veículo, mesmo que seja em até 72 vezes para pagar. O carro é cômodo, prático e reflete poder (aquisitivo e superioridade aos veículos menores). Além disso, os transportes públicos como o ônibus e metrô alcançaram a “zona da degola”, ou seja, vive-se o caos diante do público e parco serviço de transporte urbano. Ônibus cheios, motoristas e cobradores despreparados e sem contar o número restrito de veículos circulando pelas ruas. Não é de hoje que os reclamos ecoam, porém pouco foi feito, apenas prometido.
E não limitamos o cidadão a este problema, a política da quantidade estabelecida pelos nossos governantes sucumbe à ausência de planejamento. Quilômetros de ciclofaixas, porém inúmeros obstáculos ao longo dessas pistas específicas como: postes, árvores, buracos, além da falta de sinalização adequada. E são gastos desnecessários, mas para isso há que se arquitetar evitando os remendos. O ciclista sofre com o menosprezo social, convive com a truculência dos motoristas de veículos maiores e é obrigado a se calar diante de opiniões  carregadas de preconceitos e pré-julgamentos comparando-nos a outros países, cuja bicicleta é parte da cultura.

Convivemos com o modismo, com o preconceito, com o descaso dos nossos governantes e os brados do senso-comum, no entanto não podemos sucumbir diante das emissões de “poluentes”, estes que matam, minam muito mais a expansão dessa cultura, desse meio de transporte, que será sim o viés para o caos no trânsito e sua poluição. Manifestemo-nos, deixemos de olhar as bicicletas como fruto do lazer e do esporte e passemos a analisá-las com a visão da modernidade crítica, avessa ao descaso e ao retrocesso.

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