Tornar as ciclofaixas e o
ciclismo parte do dia-a-dia do brasileiro é uma tarefa árdua, hercúlea. De um
lado nossa cultura, alicerçada no comodismo, na obtenção do “tudo fácil”; do
outro as pífias e restritas políticas em benefício dessa parte da população.
Os veículos
automotores são fruto do consumismo nacional, qualquer cidadão sonha com os
dezoito anos para obter a sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e depois
dessa etapa concluída, galgar o degrau do tão sonhado veículo, mesmo que seja
em até 72 vezes para pagar. O carro é cômodo, prático e reflete poder
(aquisitivo e superioridade aos veículos menores). Além disso, os transportes
públicos como o ônibus e metrô alcançaram a “zona da degola”, ou seja,
vive-se o caos diante do público e parco serviço de transporte urbano. Ônibus
cheios, motoristas e cobradores despreparados e sem contar o número restrito de
veículos circulando pelas ruas. Não é de hoje que os reclamos ecoam, porém
pouco foi feito, apenas prometido.
E não
limitamos o cidadão a este problema, a política da quantidade estabelecida
pelos nossos governantes sucumbe à ausência de planejamento. Quilômetros de
ciclofaixas, porém inúmeros obstáculos ao longo dessas pistas específicas como:
postes, árvores, buracos, além da falta de sinalização adequada. E são gastos
desnecessários, mas para isso há que se arquitetar evitando os remendos. O
ciclista sofre com o menosprezo social, convive com a truculência dos
motoristas de veículos maiores e é obrigado a se calar diante de opiniões carregadas de preconceitos e pré-julgamentos
comparando-nos a outros países, cuja bicicleta é parte da cultura.
Convivemos com
o modismo, com o preconceito, com o descaso dos nossos governantes e os brados
do senso-comum, no entanto não podemos sucumbir diante das emissões de “poluentes”,
estes que matam, minam muito mais a expansão dessa cultura, desse meio de
transporte, que será sim o viés para o caos no trânsito e sua poluição.
Manifestemo-nos, deixemos de olhar as bicicletas como fruto do lazer e do
esporte e passemos a analisá-las com a visão da modernidade crítica, avessa ao
descaso e ao retrocesso.
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