A petrificação de milhões de cidadãos nacionais em torno do maior “show da realidade” na América Latina, leva-me a confecção deste texto. Texto que não sei o gênero a seguir, pois o arquétipo é emitido pela transformação da espécie humana em pedra, ou seja, a Medusa hipnotizando o humano, transformando-o em um ser petrificado. Portanto, não anseio classificá-lo (o texto). Escolham vocês, homens e mulheres, que nada têm de semelhante com os cidadãos aos quais me refiro. Mais um ano chegou e com ele a esperança de que a TV aberta brasileira ganharia com a qualidade, acumulada por seus produtores ao longo de suas férias... Engano. Sonho. Delírio de um apaixonado pela qualidade da TV aberta. Mas parece que estamos a milhares de quilômetros da concretização dessa utopia. Nos jornais a exaltação do bem contra o mal; nos programas vespertinos a escolha de psicólogos para comentarem as atitudes dos habitantes que perambulam pela “Casa” mais vigiada da TV nacional; e diante da tela o telespectador petrificado, imóvel, distante do clarear da imaginação. Prontos para aplaudirem a eliminação do cidadão de botas e chapéu; daquele de etnia negra; mais outro, outro, até sobrar o querido da direção... Mais uma montagem projetada por arquitetos da manipulação humana. Acreditaram (vocês) que era tudo verdade: que aquele cidadão é assim na vida real; que aquela loura possui aqueles belos glúteos ou que a Fulana era homossexual. Pensaram? Não! Vocês não conseguem enxergar a realidade, seus olhos estão obstruídos pelo envenenar do confronto diante da Medusa. A cada dia o cidadão nacional fica obcecado pelas atitudes alheias. Os “shows da realidade” são o despertar para o que ocorre aqui fora: homens e mulheres amantes do ócio, divertindo-se ao redor dos acontecimentos da vida de seus semelhantes. A programação televisiva se não selecionada, petrifica e estimula a ignorância. E o poeta, escritor, apresentador que poderia ser nosso Perseu, empunhando seu escudo para combater Medusa, tornou-se o seu maior alidado. Olhem a estátua ao seu lado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário