sábado, 11 de outubro de 2008

Em busca da felicidade

Sou pai da Beatriz, carinhosamente chamada de Bia. Amanhã, dia 12 de outubro, comemoramos o "Dia das Crianças" e o número de presentes que a minha filha ganhará não é muito, mas muito mais que o da Maria Luzia. Isso me deixa envaidecido?Não. Estou extremamente chateado, descontente com essa situação que assola o nosso País.
Poderia estar feliz, comemorando, bebendo, promovendo uma grandiosa festa, mas não, solidarizo-me com a situação da Maria Luzia. Essa criança do sertão semi-árido do Pernambuco, tem oito anos, reside em uma região em que de quatro crianças que nascem, três acabam morrendo de desnutrição, vítimas da fome. E essa situação não é fruto da família da Maria Luzia, mas da falta de empenho de nossa massa política (falida). Homens e mulheres que ganham as eleições e se esquecem daqueles que os elegeram. Os extremos do País denunciam esta falta de comprometimento. No Sul, alegria, poucos são os casos de desnutrição; no Norte e Nordeste, tristeza, miséria e crianças que não completam o primeiro ano de vida, impedidos pela fome.
A Maria Luzia é desinibida, fala muito bem, mas, ainda não frequentou a escola, pois tem que cuidar dos irmãos menores; a Beatriz não foi à escola, mas por que ainda não tem idade. Dorme, está alimentada. A Maria Luzia dorme, também, mas por fome, ausência de nutrientes que a mantém acordada. Minha Bia coloca as mãos no barro e às dirige à boca; Maria Luzia coloca às mãos no barro e o leva à boca, este é o alimento do dia. Marilú, como é chamada pela mãe e os quatro irmãos, não sabe o que é apelido, mas gosta deste que substitui Maria Luzia. Caminha descalça, corre pelo córrego infectado por esgoto que desemboca neste que poderia ter mantido suas águas límpidas. Mas ali a escola não chegou, a ignorância imperou e os nossos governantes nada fizeram. E onde fizeram algo? Lá perto da Maria Luzia pode a ignorância ter se instalado, mas aqui perto de mim, de você, de nós ela foi extinta? Que demagogia...A Maria Luzia é feliz; nós, fingimos!

Um comentário:

Anônimo disse...

Contraste quase irracional... não?