domingo, 2 de maio de 2010

Paz ao texto

Meu processo de criação literária não segue a um padrão, até porque a escrita é um mistério: hoje estamos cercados por idéias, amanhã somos outro como um buraco vazio, clamando por desejos, sensações, manifestações que agucem-nos a produção.

Passei maus bocados neste início de ano, trabalhei muito ao longo do ano que passou, minha esposa viajou com minha filha e não pude acompanhá-las, e fiquei lá, eu e o trabalho, um de cara ao outro. Organizei-me, tracei metas, aderi às sugestões, fiz o meu mapa para o ano de 2010. Com o início do calendário escolar chegam os lamentos, principalmente dos pais que numa evasão familiar destinam seus filhos até a escola e não querem saber de mais nada, aí quando chegam às reuniões bimestrais e verificam a catapora em que seu pupilo se meteu, manifestam preocupação. Fico muito preocupado com o desempenho discente, principalmente com esse sistema que prega avaliações, parece que as crianças e adolescentes não guardam mais nada em sua mente, talvez aí não haja resquícios para a confecção de um texto simples, de cinco ou sete linhas.

Mas retornando ao tema, acabei perdendo catorze quilos, preocupado, e pais engordando aos montes. Não é que a ração em casa não está boa, é que o sistema está errado e eu não costumo andar errado. Fico indignado em ver o filho ser deixado na escola e eu só conhecer o pai ao final do ano letivo. Que barbaridade! Fico indignado ao ver o filho me reclamar que seus pais não lhe oferecem mais amor, não o levam mais para um passeio, não param para verificar se sua tarefa foi feita. Tem pais que nem sabem as datas que serão realizados eventos nos colégios, pois pegaram o calendário escolar distribuído ao início do ano e deixaram ali na geladeira, simplesmente como um imã. Parece que a escola terá que resolver tudo: teremos do nutricionista ao psiquiatra e mais além faremos internações para os melhores hospitais psiquiátricos do País, para os pais – este é o detalhe.

Chega de tapar o Sol com a peneira: se os filhos chegaram a este ponto, sinal de que alguma coisa lá em casa não deu certo, não entrou em ação a super Nany. Então é hora de começar a mexer os “cambitos” e assumir o papel de responsável, pois a escola é um lugar para ensinar, pois educação pula do berço e se seu pupilo não tem modos é sinal de que você não cobrou isso dele.

Talvez esse ofício de escritor tenha essas nuances, que serão dissolvidas, mas é preciso escrever para que as pessoas leiam e o texto tome sua forma e o Sergio aqui possa ter paz para escrever.



P.S.: Não atendo pais em domicílio!

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