domingo, 18 de julho de 2010

Desliguem a TV

Estou aqui, triste. Não escrevo para vocês, rabisco para mim. Não quero dividir a minha tristeza com pessoas tão boas, cujo tempo encarregou-se de me mostrar. Também não faz parte da mais diplomática das escritas emporcalhar aos leitores com notícias que causam desânimo, atraem a dor. Não quero isso. Se bem que os noticiários que vocês assistem pela TV mostram cenas horrendas a todo instante, isso sim é tristeza.

Acham que os meus sentimentos são tristes... Já alternei felicidade. Sim, já fui um homem feliz. Antes dessas tragédias era um cidadão pacato, sem problemas, homem feliz. Nunca havia presenciado uma cena de violência, pois televisão via pouco. Só aos domingos, quando ia para casa de meus avós assistir ao espetáculo emanado pelos “Trapalhões”. Quanto riso, quanta alegria, muitos palhaços sendo filmados por câmeras que não paravam de balançar vide as travessuras empregadas por aquela turma de quatro amantes do humor. Todo domingo éramos cercados de alegria. Aos poucos foram morrendo Zacarias, Mussum, restando apenas o Didi e o Dedé que depois se separaram. Viveram isolados por muitos anos. O Renato Aragão realizando os seus programas dominicais, já o Dedé preferiu seguir aos ensinamentos religiosos e apostou nas Igrejas Evangélicas. Não deu lucro e ele foi logo pedindo ao Didi uma nova chance.

Durante os dias da semana a alegria passava, parece que a TV era o motivo da nossa hipnose, mas não, eram os programas por ela apresentados que nos davam aquele sabor pueril. Assistíamos as telenovelas, aos telejornais etc, mas aprece que as desgraças não se sobressaiam diante de tantas notícias positivas, e olhem que naquele período tínhamos inflação. Vi mortes sim, assaltos, os primeiros seqüestros relâmpagos do País, mas olhem, não eram assim. Depois que o maníaco do parque começou a atacar parece que tudo mudou em se tratando de violência. As pessoas ficaram menos sentimentais, passaram a agir como verdadeiros animais, sedentos por sangue.

A Suzane matou os pais e pediu ajuda ao seu namorado e o irmão dele, depois deu uma entrevista a um canal de TV alegando inocência. E tiveram pessoas que acreditaram na insana. Assim como pessoas passaram a defender o maníaco do parque. Até aspirantes ao cargo de esposa o assassino ganhou. Não sei se casou, mas o Fulano poderia fazer muito mais vítimas se estivesse solto, pois pretendentes não lhe faltaria. A que ponto chegamos...

Não vejo mais nada de proveitoso na TV a não ser nos canais fechados e na Rede Cultura, parece que a televisão, veículo criado para o entretenimento e educação, sucumbiu ao marasmo e aos atrativos que a violência lhe proporciona. A ganância pelo lucro leva nossas redes televisivas a cada vez mais apostarem em datenas, ratinhos, boletins de ocorrências, jornais nacionais etc. Mas nada disso seria viável se um bando de desocupados não ficassem em frente a esses aparelhos eletrônicos prestigiando ao vandalismo que nossos programas televisivos proporcionam.

Agora só nos resta desligar a TV.

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