sábado, 17 de julho de 2010

O direito de estudar

Lá no topo morro rola muito samba, mas também tem muito bamba que sabe que ali manda e estimula o tráfico. Vivem disso, explorando aos mais fracos que por troca de favores, medo ou anseio capitalista acabam vitimando-se ou matando ao próximo com a frieza peculiar de um radiante assassino.


No final de semana é um entra e sai, pelos becos muita arma sendo empunhada por adolescentes, que fora da escola optam pelo destino mais fácil: o tráfico. São soldados fiéis aos seus eternos coronéis, que lá do alto, com vista para o mar e toda a favela aciona os seus comandados pelos rádios espalhados pelos postes, ainda com gatos, emitindo os comandos. Cumpre aquele que não quer morrer e aquele que alguns trocados quer lucrar. Ali desde muito cedo a criança sabe que tem dois caminhos: ou opta por ir à escola, sacrificar alguns trocos nesse momento iniciante da vida, ou caminha para o tráfico, dinheiro mais fácil e uma escola com muito mais exigências e um caminho sem volta. A morte o espera.

A polícia que é paga para nos proteger defende-se dizendo que nada pode fazer. A população respeita às leis do bandido, policial é inimigo. E agora o que fazer? ONGs ajudam na educação, escolas e universidades se abrem para acolherem aos que dessa oportunidade querem compartilhar, porém são velados pelos traficantes, que diante de uma legislação interna comandam essas cidades isoladas.

Ontem, quando um garoto saía de seu colégio foi logo tomando uma bala que atravessou o portão escolar e acertou ao cérebro de onze anos. O garoto caiu com o impacto proporcionado por um fuzil. Suas chances eram mínimas, em meio a curiosos que nada fariam. Os professores do colégio ligaram para o resgate, mas esse serviço de emergência chegou apenas 30 minutos depois do ocorrido, foram impedidos de subirem o morro. A lei do mais forte não permitiu que um garoto tivesse sua vida salva por um erro cometido pelos bandidos, que com certeza miravam aos policiais e não a um inocente que só queria estudar. Será que até esse direito eles retiraram das pessoas de bem?

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