sábado, 24 de julho de 2010

Garoa, suor e boa música

Lembro-me a primeira vez que pisei na cidade de São Paulo desacompanhado de meus pais. Tudo parecia maravilhoso, os prédios enormes quase encostando ao céu, as avenidas imensas recheadas de uma plantação de carros, o barulho ensurdecedor e várias figuras espalhadas pelos murais gigantescos daquela “Selva de Pedras”.

Fui a FISPAL, uma feira que acontece para os profissionais do ramo de alimentos, já que o curso que freqüentava naquele momento era o de Técnico em Alimentos. Éramos quase 45 alunos acumulados naquele ônibus confortável, cuja propaganda salientava se tratar de um veículo cinco estrelas. Minha geração já ansiava ao final de cada viagem passar pelo “shopping”, diversão que por essas bandas ainda hoje não existe.

Lembro-me com detalhes do “Mercadão” e seu cheiro de pão com mortadela, sua fachada remetia-me à telenovela da época: “A Próxima Vítima”. Que imensidão! Quantos artistas televisionados encontrei naquela feira lá no Anhembi. Que prazer! E olhem que os artistas não eram globais... Saudade deixou. Cheguei em casa e escrevi um artigo para o jornal “Cidade de Taquaritinga”, tinha meus quinze anos. São Paulo até hoje me deixa impressionado, encanta-me, leva-me à hipnose. São Paulo continua a ser a terra da garoa ao contrário do que profetizam os que a intitulam como terra das enchentes.

O Rio Janeiro não tive o privilégio de conhecer. Passei por lá quando embarquei, ao final do ano passado, num cruzeiro com alunos do Ensino Médio que se despediam do colégio. Inesquecível. Primeiro por poder navegar, sentir o vento, olhar a imensidão exaltada pelas águas marítimas; segundo pelo prazer em notar que o Estado do Rio de Janeiro é a verdadeira extensão da nossa natureza. Ali tudo se combina, encaixa-se. O Sol combina com as cores do mar, que combinam com a exuberância da vegetação, que combinam com a alegria de sua população. O Rio de Janeiro é bonito por natureza como profetizou Jorge Bem Jor. Dali não queria mais sair. Desejava levar minha família para aquele pedaço de chão e nunca mais ter contato com o restante do Planeta. Como não era ficção, voltei e não pude embarcar com os meus familiares: mulher e minha filhinha, ou seja, rainha e princesa (mas eu não sou rei não!).

Brasília é nossa Capital e apesar de abrigar o centro da corrupção, os institutos da gatunagem e as universidades do crime, é sim uma cidade modelo, piloto. Foi construída através de um laborioso projeto, e quando isso acontece é sinal de que catástrofes não acontecerão. Isso se acompanha hoje. Brasília parece não sofrer com as tragédias naturais. Passa sim por uma onda avassaladora de calor, mas para este problema da natureza ainda há solução. Lúcio Costa e o grande Oscar Niemeyer são gênios ao lado do desbravador JK. Mas Brasília não recebe minhas bênçãos apenas por isso, essa cidade tem o maior número de bandas produtivas desse Planeta. Cito: “Aborto Elétrico”, “Capital Inicial”, “Legião Urbana”, “Plebe Rude”, “Raimundos” etc. Não tive a oportunidade de visitá-la, mas com certeza é uma das capitais que não deixarei de passar, acompanhado de minha família, antes do final de minha vida.

O Brasil é lindo! E só falei sobre três das nossas capitais...

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