segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Felicidade Baiana e as agruras do mundo moderno

Nunca entendi esta teoria de que o baiano é um povo preguiçoso. Pode ser sim vagaroso, mas acaba sobressaindo aos demais. Seja pela Literatura, pela Música, pela Culinária ou pela Religião, o povo da Bahia é adiantado. À frente dos demais brasileiros.

Podemos ter um Jorge Amado com seus romances cadenciados e retratando o baiano com essa preguiça literária. Já Dorival Caymmi com suas composições e seu dia-a-dia vagaroso levaram muitos a esta suposição: o baiano não gosta do labor. Caetano chegou com seu jeito sonolento, devagar quase parando, Gilberto Gil explorou a prolixidade e também demonstrou certa preguiça; Tom Zé, Novos Baianos, Morais Moreira balançaram o coreto e descobriram que o baiano é um povo alegre, um povo acostumado ao palco, que não nasce, estréia; não morre, sai de cena e dessas afirmações ao longo dos anos fui descobrindo que essas afirmações desgastadas eram inverídicas, o baiano era elétrico, daí o seu amor pelos trios elétricos.

Aprendi a gostar de carnaval escutando Caetano Veloso embalando-nos ao som de “Chuva, suor e cerveja” e Morais Moreira, aquilo me encantava, emocionava-me e sei que Caetano estava preso num quartel no Rio de Janeiro quando esta música foi tocada pela primeira vez no carnaval. A Justiça era cega mesmo! A Ditadura era burra... Depois Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Sara Jane, Olodum, Timbalada levaram-me a acreditar que a Bahia era um País, um mundo em que a festa movimentava aquele povo e que tristeza ali não tinha espaço, mas me enganei, pois por ali perdurou a ditadura Magalhães, o apoio peemedebista, depois a união entre PSDB e PT para tirar o reduto que dantes fora do partido tancredista e do partido nascido nas bases ditatoriais. Foi bom sim, mas precisamos mais. Não quero enveredar por estes termos, nem mesmo retirar a alegria exposta neste texto com notícias desatualizadas e de baixo-calão.

Nessa vida fica provada com as palavras da baiana mais ilustre e ativa, aos cento e um anos de idade, Dona Canô, que basta ser feliz para impedir que as agruras interrompam a circulação ativa do sangue para o coração, algo científico que ao mesmo tempo representa uma linguagem conotativa. É preciso amor, felicidade.

Portanto, faça como os baianos: trabalhe com parcimônia, mas faça aquilo que gosta e aproveite para ser feliz. Não deixe seu coração ser amargurado com as tristezas do mundo moderno.

Um comentário:

Jeferson Cardoso disse...

Também nunca entendi essa teoria de baiano ser preguiçoso.
Só sei que o povo baiano tem uma veia artística.
Jefhcardoso do
http://jefhcardoso.blogspot.com