terça-feira, 7 de setembro de 2010

Cuidado Materno

Nos dias atuais os conselhos maternos são mais como falácias, ditos sem importância que ao longo dos anos se transformaram em realidade típica à Câmara Cascudo. A mãe pede para o filho sair às vinte e duas horas e ele só sai depois das doze badaladas, rumo à balada. Chega cedo, após o nascimento dos primeiros raios de Sol. Não economiza nos gastos, abusa do álcool, transa sem camisinha e quando a mãe diz que sexo sem preservativo pode resultar em doenças sexualmente transmissíveis ou em uma possível gravidez vem a exclamação: “Sexo com camisinha é o mesmo que chupar bala com papel”. Se este jovem estivesse diante da produção de um texto para o vestibular perderia pontos, pois o clichê acima exclamado é bárbaro, ridículo.

Lembro-me dos conselhos dados por minha mãe, que eram infinitamente superiores aos de meu pai, mais liberal, amigo do discurso “paz e amor”. Filho não faça isso, e lá vinham às conseqüências e um exemplo com um Fulano próximo.

Sair do banho quente e tomar uma rajada de ar frio nem pensar, sua boca ficaria torta; leite com manga, também não poderíamos tomar, pois era veneno. Não tomei, mais tarde descobri que vitaminas eram feitas aos montes e ninguém havia falecido em função da ingestão desta mistura. Dormir após realizar uma refeição seria um dos motivos para uma suposta congestão. Meu medo de adentrar nas águas marítimas ou em qualquer piscina foi devido aos recados da minha família, mais especificamente minha mãe, pois tive um tio que faleceu afogado aos dezenove anos e eles insistem que ele comeu demais e depois foi carregado pelas águas. O banho depois das refeições, também era proibido. Livrei-me deste mal depois do casamento. Comer e ir à frente ao espelho a boca ficaria torta, quantas vezes deixei de pentear meus cabelos...

Leve blusa mesmo que o frio estivesse a quilômetros; não beba; não aceite bebida de estranhos; não fume (mas minha mãe fumava...); não se envolva em confusões, evite companhias maléficas, voltadas ao vício.

Passei sempre acreditando em minha mãe e lutando para me livrar desses presságios que com certeza foram passados de geração a geração. Minha filha Beatriz com certeza não passará por essas regras mal elaboradas e sem fundamento. Mas muito me valeu o cuidado que minha mãe teve comigo.

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