segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Uma noite daquelas

Escutei quando subi as escadas. Era um murmurinho que nada entendia, achei que fossem balelas da minha mente. Fui dormir. Os passos intensificaram-se, pensei que estivesse sonhando, continuei a dormir.

Lá embaixo, algumas risadas, não dava para distinguir, não sabia se era homem ou mulher, mas a bagunça parecia estar decretada. Priscila dormia tranqüilamente e com certeza nada havia escutado. Beatriz sonhava e nem sequer se mexia na sua caminha. Seria fruto do meu pensamento? Mas não tive a coragem de me dirigir ao primeiro andar. Eram passos, garrafas sendo abertas, uma música festeira muito antiga. Não me recordava. As pessoas gritavam, mulheres riam, sinceramente, parecia estar num bordel. Homens batiam na mesa como se estivessem jogando truco. Que situação!

Pensei em acordar minha esposa, mas logo percebi que ela não despertaria assim tão fácil. Enquanto isso Bia roncava. O barulho permanecia e enquanto a madrugada descia, a Lua virava-se e o incômodo era maior. Felizmente ninguém subiu para ver o que fazíamos nos quartos do segundo andar. Nem eu desci. Teve uma certa hora que me cansei, estava só de cueca, coloquei os chinelos e resolvi descer, quando ensaiei para pisar no primeiro degrau vi um vestido até os pés com um babado elegante saindo da sala e se dirigindo à cozinha. Parei, observei. Logo atrás um homem com uma barba enorme, um chapéu de bang-bang a par de um litro (parecia-me de rum), chamando pela donzela. Aí perdi a coragem. Voltei, deitei, mas não tive a coragem de dormir. A festa continuou. Gritos de que: “Traz mais uma!”, “Sente aqui no colinho do papai!” surgiram aos montes. Nunca passei por uma situação como aquela.

No outro dia quando levantei a sala estava intacta, a cozinha que parece ter sido objeto de desejo dessas pessoas também. Apenas na pedra de mármore, que decora a mesa estava estampado: “Fomos felizes, não incomodaremos mais...”. Nenhuma inicial para identificar o nome ou nomes.

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