terça-feira, 14 de setembro de 2010

Uma Serra chamada de Jabuticabal

Leio passivamente ao livro “Revolução dos Bichos”, de George Orwell (se é que podemos chamar de passiva essa leitura), enquanto lá no fundo escuto a vizinhança clamando por chuva. Da janela do quarto vejo a Serra do Jabuticabal ardendo em chamas.

O céu azul, limpo, logo se transforma num mar de fumaça negra, que figura o dia em noite. Os pássaros no seu desespero se recolhem nos galhos das árvores deduzindo que o tom noturno adentra.

No rádio o repórter pede consciência para a população ao iniciar sua fala matinal, ao término do programa anuncia que mais uma parte da mata encontra-se encoberta pelas chamas. Os bombeiros mais uma vez são acionados e com sua dedicação, paciência e amor à profissão socorrem a mata. Mas nada mais poderá ser feito, sua vegetação está cinza, seca, sem o verde que um dia visitamos, formamos grupos escolares, escalamos seus paredões, bebemos da água que minava das corredeiras que ali se encontravam. Nem mesmo os urubus da toca ali estão mais. Será difícil acharmos um animal sobrevivente a essa matança provocada pelo homem.

Vivendo à sombra das plantações de cana-de-açúcar a Serra do Jabuticabal não é mais admirada pelo seu verde, este deu lugar às cores capitalistas que corromperam o homem e proporcionou esse desfecho trágico.

Meus alunos ainda clamam pela visita a esse paraíso, mas visitar o quê? Campanhas são feitas, pois só a conscientização será capaz de mudar essa situação, medidas jurídicas são tomadas, mas parece que nada disso vem surtindo o efeito desejado. É pena que as gerações futuras não mais poderão saborear dos prazerosos passeios e nem mesmo fotografar o verde que um dia imperou na Serra do Jabuticabal.

Homens: visualizem o futuro, pensem em seus filhos e netos, reflitam sobre a extinção da sua raça.

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