quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O futuro às minhas crônicas pertence

Foi ali descendo a Prudente de Morais, considerada o ponto do comércio taquaritinguense, pessoas subiam e desciam com sacolas nas mãos, alguns com caixas, outros sem nada, apenas olhando as vitrinas.

Descia e uma cigana agarra nas barras de meu “jeans”. Puxei, insisti, mas ela não largava. Parece que anunciaria algo. Coisas que eu não desejava. Possíveis para ela, elementos para amparar o seu sustento. Sei que eles, os ciganos, vivem dessa forma, anunciando o futuro, pregando como um profeta.

Vários que vinham atrás de mim paravam, pois a estreita calçada não permitia a passagem de dois ou mais corpos, era a Física atuando. Disse que não possuía dinheiro, ela lamentou, mas insistiu que não precisava de quantias. O que tinha para me dizer era mais importante. Falou alto, gritou, fez o público voltar-se a ela, era isso o que queria. Tentei sair, ela me chamou pelo nome. Estranhei. Como saberia o meu nome? Quem lhe disse? Não respondi. Tentei seguir. Quem poderia socorrer-me?

Fui vencido pelo cansaço. O que de tão importante ela me guardaria? Parei, os outros passaram. Sentei ao lado dela e começou a ladainha. Anotei em minha caderneta e esperei pelos anos...

Hoje relendo as anotações previstas pela bruxa cigana, nada aconteceu. Foi um tempo perdido, mas pude escrever minha crônica com o material colhido.

Nenhum comentário: