segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A incompetência de um sistema

Comecei a semana com vontade de escrever, há tempos que essa sensação não brotava de uma maneira tão natural. Sei que não precisarei de tantos esforços para compor o meu texto, no entanto ele não será menos importante que os demais que já elaborei.

Talvez os sentimentos que afloraram esta semana sejam típicos dos acontecimentos positivos que me cercaram. Sei que o escritor, também, é envolvido por problemas que muitas vezes ultrapassam certas barreiras e se incorporam à escrita, mas sempre procurei me envolver de fatos positivos e através deles transmiti-los para os meus leitores.

Ontem passei por uma entrevista, fui interrogado por um jovem que parecia ter seus vinte anos e não mais do que isso. Deixei o garoto perguntar e fui respondendo, ele escrevia pausadamente, com uma dificuldade para transcrever o que eu dizia, típico dos adolescentes desta década. Era mais um fruto do emburrecimento que a progressão continuada nos proporcionou. Não interferi no seu processo de escrita, deixei-o prosseguir com sua própria língua. Sergio saiu Serjo, Augusto saiu Algusto e depois disso parei para pensar a urgência com que devemos tratar as mudanças que ocorrerão em nossa educação. O problema é muito grave. É um vírus que se espalha rapidamente, sem direito à consulta ao dicionário ou mesmo à volta aos bancos escolares, pois, infelizmente, os nossos docentes estão despreparados, o salário é baixo e são poucos os que trabalham por amor. Vivemos, sinceramente, um período apocalíptico nessa esfera, a começar pelo Ministério da Educação com suas seqüencias ininterruptas de erros. E esse menino que me entrevistou nada mais é que um dos milhares de jovens que representarão o País nesses censos que denigrem nossa imagem pelo mundo, produto de um sistema educacional ultrapassado e em desacordo com os fatos cotidianos.

São jovens assim que estamos formando, voltados às informações rápidas adquiridas através de uma linguagem inútil e precária vinda da internet, que não permite a análise daquilo que se lê. Encurta o caminho das palavras, proporcionando novos vocábulos sem razão para compreensão de uma frase mal elaborada. O que mais me indigna é que vejo centenas de milhares de educadores pouco preocupados com essa situação. Aqueles que nos governam, também. Não é sem razão que ficamos muito abaixo do esperado em índices que avaliam nosso desempenho na leitura em comparação com outras Nações. Somos os últimos quando tratamos da compreensão textual. Isso por que não lemos e se há aqueles que lêem, fazem isso de uma maneira precária sem envolvimento, desprovida de aspectos que os façam absorverem o conhecimento e os estimulem a pensar.

É triste ter que dizer isto, mas é verdade: estamos formando uma geração de profissionais incompetentes, que infelizmente nos comandarão no futuro. E nós somos os professores que um dia enganou a todos dizendo que estamos ensinando algo. E os alunos fingindo que estavam aprendendo.

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