sábado, 25 de dezembro de 2010

Quem quer escrever durante as datas festivas?

Ao escutar o barulho do jornal sendo jogado pela manhã tratei logo de acordar-me, pois já era hora. Nem sempre o entregador conseguia ser pontual em seu cotidiano. Havia atrasos.


Ao deparar-me com o periódico e conferir os seus cadernos, pois sempre verificava se não havia falta de nenhuma de suas seções, fui logo apreciando a sua quantidade. Muito pouco para um jornal de nível estadual, que alcança todas as capitais do País e que promete fidelidade e conteúdo ao seu leitor. Mas também o que eu queria? Em pleno sábado natalino, às vésperas do final do ano, são muito poucos os que querem escrever. Colunas não são assinadas, pois seus titulares encontram-se curtindo as férias (que dizem ser tão merecidas). Talvez os que assumem as seções não sejam mais importantes que os titulares, porém conseguem preencher uma lacuna e o jornal não fica tão bom como de costume.

Na próxima semana sei que não serão boas como as matérias nos ensinaram, já estou me preparando, pois imaginem quem aparecerá para trabalhar às vésperas do final do ano? Ninguém. Uns poucos. O pessoal da diagramação, os que cuidam da impressão, a tia do café, a mulher da limpeza, e uns poucos redatores. Nem mesmo matérias para a primeira página terão. Estarão todos comemorando, curtindo as festas finais. Tragédias não acontecem em festas parece que deixam o raiar do novo ano para acontecerem. Isso se repete no carnaval. Enquanto os foliões brincam, os políticos estão ensaiando uma pausa (quantas são ao longo do ano?). Mortes apenas nas estradas, provocadas pela ânsia de deixar sua cidade de origem e se destinarem a um porto seguro onde possam beber, comer como foliões da modernidade.

Parece que são poucos os querem escrever, os que têm a ânsia de passar para o papel sua imaginação, deixar colorir aquele papiro branco que nada tinha para acrescentar em nossas vidas antes da emissão de conhecimento do escritor. Bebidas, cigarros, mulheres, esbórnia são todos sinônimos da falta de apetite para produzir um belo texto no acordar da manhã. Mas quem quer produzir textos ao raiar do dia? Vários escritores já relataram manter este hábito. Acordam e vão logo escrevendo. Há aqueles que dormem altas horas da madrugada, ao raiar do dia e por isso escrevem à tarde, à noite, não cultivam o hábito de escrever pela manhã. São processos que alimentam nosso universo literário, respeitamos. Porém, aqueles que são colunistas, jornalistas dos grandes veículos de comunicação tem sim o dever de nos informar, não sei se sacrificando seu natal, ano novo com os seus familiares, mas há que se preparar o jornal com antecedência e com o conteúdo de outrora. Os âncoras dos noticiários da TV não aparecem durante esses dias. Mas por que no interior os jornais de final de ano são mais volumosos, repletos de notícias que os demais jornais do ano? È a preparação, a estruturação, o planejamento da equipe.

O planejamento é uma arma guardada pelos fortes, e utilizada quando assim se faz necessário. Simplesmente todos os dias. Este final de ano estou decepcionado com um grande jornal do Estado de São Paulo. Hoje é sábado, porém espero que no domingo a edição especial seja mantida. Com todas essas festividades será difícil manter a qualidade e a quantidade normalmente apresentada aos fiéis leitores.

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