terça-feira, 12 de abril de 2011

O batom é meu

Faz tempo que não vejo esta amiga, há uma década aproximadamente, éramos como unha e cutícula, separávamo-nos apenas na manicure – eu apararia a barba e cortaria os cabelos, ela realizaria todo tratamento de beleza que uma mulher tem direito.

Ao folhear um álbum de fotos guardado no fundo do baú aproveitei para a nostalgia, como diria o filósofo lá do Bar do Aroldo: “viver o passado estrutura o futuro”. Verifiquei todos os detalhes que poderia achar, já que a velha Kodak não permite esta precisão tecnológica impostas por essas câmeras fotográficas precisas. E me veio esta: Ela se apaixonara por um carinha lá da Zona Sul e todas as festas queria fazer parte, pois o rapaz estava na maioria delas. Passei a acompanhá-la já que não tinha com quem seguir, fui o seu fiel companheiro como Sancho Pança, Tonto, Babalú etc. Passei a pagar as suas bebidas, consumidas em grandes quantidades, já que ela insistia que comprasse para o garoto.

Passaram-se semanas, meses, até que um belo dia ela decidiu partir pro ataque, deixou-me de lado, encheu o peito e avançou. Fiquei estático, parado em um dos pilares que sustentavam aquela casa de xous. Chegou, deixou sua bolsa cair, como todas as meninas fazem para atrair um homem na primeira investida, ele educadamente abaixou-se, pegou os pertences, mas segurou o batom - afirmando categoricamente que aquele objeto era semelhante ao que ele usava.

Essa minha amiga partiu rumo à saída sem se despedir. Mandou-me algumas mensagens pela internet, mas nunca mais tive a oportunidade de revê-la.

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