domingo, 12 de fevereiro de 2012

De novo o Cine São Pedro




"O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." (Orson Welles)

Cinema é sonho, cinema é fantasia, cinema é entretenimento, cinema é alegria, cinema é admiração, cinema é emoção, o cinema contagia, o cinema ensina, o cinema educa, o cinema...

Tantas são as funções de um cinema que poderíamos preencher esta crônica relatando os seus benefícios, porém a história nos espera.

Ao final dos anos 80, início dos anos 1990 Taquaritinga foi manchete nacional quando o dominical Fantástico, através de sua apresentadora Valéria Monteiro, mostrou ao Brasil a batalha de um grupo, CULTA, liderados pelo brilhante Guilherme Franco para que o único cinema da cidade, o Cine São Pedro, não caísse nas garras de uma Igreja. Um momento em que a situação fez preocupar a cidade, que tinha um único cinema, e a CULTA, zelosa pelos anseios culturais de nossa população.

Guilherme Franco na sua árdua batalha será lembrado sempre por não ter deixado aquele pesadelo consumir os nossos sonhos e destruir as nossas esperanças. Quanto envolvimento, quanta disposição, um grupo, que realmente lutou pela nossa cultura: Silvia Lopes, Rita Milanezi, João Perroni, Guilherme Mantese, Marcos Bonilla, Nelson Lopes, entre muitos outros. Essa equipe, no cinema, exercia funções como bilheteiros, lanterninhas, faxineiros etc. para que pudéssemos apreciar a telona. Sensacional. Até hoje há livros na biblioteca municipal com os carimbos da CULTA, doados ao nosso acervo, mais uma das suas várias funções.

Passado relembrado, esquecido apenas por aqueles que não possuem memória ou fingem que a perderam, a tela do Cine São Pedro se apagou em 2007, suas portas foram trancadas, o lanterninha não acendeu mais sua luz-guia, a pipoca do Alfredão se transferiu para a Prudente de Morais. Sentimos falta, a população taquaritinguense clama por ele, pois mesmo na era do DVD e outras tecnologias, ainda preferimos as estréias no escurinho cinema, não chupando drops, mas empunhando um saco de pipocas.

A sociedade civil, através de sua juventude, resolveu agir como fizeram seus pais no passado, exigiram explicações e se comprometeram a encampar a idéia de reativação do cinematógrafo taquaritinguense. Apesar das críticas de alguns e a tentativa de dispersarem o movimento “Pró-Cine São Pedro”, os jovens seguem firmes e fortes, carregando esta bandeira que não é só deles, mas da população taquaritinguense. Sabemos que a Prefeitura de Taquaritinga fez e faz o seu papel e que a lentidão é um fato em casos judiciais, ainda mais quando se trata de cultura, porém a manifestação é sim necessária tratando-se da luta por um patrimônio taquaritinguense.

O passado foi importante para que através dele esses jovens que aí estão pudessem trilhar esse caminho, labutarem em prol da cultura taquaritinguense, um gesto de cidadania. Poder legítimo. Esses moços e moças mostram estarem antenados e preocupados com a situação.

Esta nossa história em nome do Cine São Pedro teve um pai no passado (ou vários pais) e agora nasceram seus filhos que através do paradigma lutam pelo mesmo ideal, em épocas distintas. O filme tem que continuar...



Nenhum comentário: