sexta-feira, 15 de junho de 2012

Educação farta

São muitos os momentos vividos em Educação ao longo desses treze anos dedicados a arte de ensinar, ou melhor, fazer com que meus alunos e educandos pensassem, refletissem sobre aquilo que estavam realizando.
            Apostei nesta prática, fui julgado pelos meus pares, criticado pelos mais experientes e admirado por muitos dos meus amigos e colegas, hoje não mais alunos, mas sim profissionais, homens de conduta ilibada, outros nem tanto.
            Aos poucos fui aprendendo que quem ensinava também tinha que aprender, que aqueles que na minha frente se encontravam, também muito tinham a me oferecer e foi assim, desta forma, apostando na humildade que pude desenvolver minha maneira de me doar, apostar nesta tarefa árdua que é a arte da educação. Lembro-me lá das primeiras aulas na EE Prof. Francisco Silveira Coelho até aquelas na FATEC, Nove de Julho, Aníbal do Prado e Silva, Carmela Morano Previdelli, SENAC-Jaboticabal, ITES, COC- Monte Alto até minha chegada à Educação Não-Formal aqui em Porto Alegre no ano de 2007, retornando à Educação Formal em Taquaritinga coordenando os Ensino Fundamental II e Ensino Médio no Colégio Objetivo e depois mais uma vez coordenando projetos na Educação Não-Formal, no Terceiro Setor, na capital gaúcha, lidando com idéias, filosofias, pensamentos, e agora a proposta de fazer com que os educadores aos quais passam pela minha coordenação reflitam, pensem, elaborem, criem, mostrem o seu potencial e dessa forma possam fazer com  que nossos educandos saiam da situação de injustiça social, tornem-se protagonistas, desenvolvam-se, sintam-se cidadãos. E uma dessas maneiras e investir na Cultura de Paz, na Cidadania, no Letramento, em propostas tidas como simples, porém eficazes. Gestos que através do paradigma levarão estas crianças e adolescentes a se sentirem valorizados, partes da nossa sociedade, homens e mulheres aptos ao mercado de trabalho, ao debate político, as questões sociais e econômicas.
            Consegui enxergar que o ser humano é capaz, basta lhe darmos uma chance, retirá-los da marginalidade imposta pela sociedade, da situação de miséria que a sociedade os colocou. Investir em Cultura, Educação, Saúde, Assistência Social são requisitos básicos que deveriam ser respeitados e implantados no dia-a-dia destes cidadãos. Pessoas que levantam de manhã pagam seus impostos, trabalham, mas não possuem o que comer, o que beber, o que vestir. E desta responsabilidade nossos governantes se furtam, escapam, esquecem-se de que são eles seus eleitores.
            E a nós, amantes da Educação, homens e mulheres encarregados desta função, ofereceremos aos pobres não uma educação pobre, mas a melhor educação que eles já tiveram, nascidas de suas necessidades, conquistadas por suas ansiedades e levadas à luz da prática e teoria por pessoas engajadas num único e prudente objetivo: ver a felicidade, o sorriso estampado em cada rosto; as panelas fartas apitando de tanta energia; a dispensa recheada de mantimentos, homens e mulheres fortes, engajados, críticos, optando por trabalhar; adolescentes longe do tráfico, prontos a estudarem a buscar um futuro distante das nuvens escuras da droga.
            Sei que não é fácil este caminho que escolhemos, porém não podemos nos esconder no momento em que nossas crianças e adolescentes mais necessitam.
            

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