A luz veio com a abertura da
cortina que tentava encobrir a janela do quarto. No início reclamei, queria
dormir um pouco mais, mas sabia do meu ofício, do trabalho, do dia iluminado e
aquecido pelo sol que prometia ser intenso, de muito calor.
No
ônibus a caminho do labor, enquanto a paisagem passava aceleradamente por
imposição de um motorista irresponsável, refletia sobre a luz e me lembrava de
o quanto a energia natural foi esquecida, principalmente nesta época de horário de verão. Ninguém mais quer
saber da naturalidade solar, de sua luz. Basta à luz ser ofuscada e lá vão os
amigos das companhias de energia e botam o dedo no interruptor e “Fiat lux”. Detesto essa mania, pode
parecer implicância, sinal da idade, porém as luzes devem ser acionadas num
momento de completa escuridão. Breu. Do contrário a que se aproveitar da
energia natural. Economizar. E aí há muita diferença com a avareza.
Durante
este mês de dezembro que chega ao seu final daqui a dois dias o que mais se viu
por aqui, em Porto Alegre ,
foram matérias faladas e escritas que retratavam sobre a falta de energia
elétrica à população. Milhares de portoalegrenses, que comemorariam ao Natal
tiveram suas ceias ceifadas, pois a pouca comida que seria dividida entre os
familiares fora estragada. Falta de energia elétrica. Vinte e quatro, quarenta
e oito, setenta e duas horas foram o tempo mínimo que a companhia responsável
pela energia elétrica no Estado, na Capital, demorou a atender aos servidores
cumpridores de seus impostos. Tudo bem... Para eles são mais alguns, ainda mais
por se tratarem de homens e mulheres moradores da Zona Sul ou da Zona Norte. Os
mais prejudicados foram os moradores da periferia, sempre desprezados,
lembrados apenas no momento das eleições. Comerciantes tiveram mercadorias
jogadas ao léu, pois nem mesmo os animais irracionais se aproximavam para sanar
a sua fome. Revoltados alguns moradores atearam fogos em pneumáticos e
protestaram; esta é a forma de serem ouvidos, já que a diplomacia atinge o seu
ápice apenas no período eleitoreiro.
Crianças e
adultos sem água e agora sem energia. A despreocupação das empresas
privatizadas e dos serviços públicos é tamanho que até hoje muitos sofrem com a
interrupção constante destes serviços, mesmo o cidadão pagando suas contas e
impostos regularmente. A luz natural já é algo banal!
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