sábado, 29 de dezembro de 2012

Fiat Lux. Cadê a Luz?


A luz veio com a abertura da cortina que tentava encobrir a janela do quarto. No início reclamei, queria dormir um pouco mais, mas sabia do meu ofício, do trabalho, do dia iluminado e aquecido pelo sol que prometia ser intenso, de muito calor.
            No ônibus a caminho do labor, enquanto a paisagem passava aceleradamente por imposição de um motorista irresponsável, refletia sobre a luz e me lembrava de o quanto a energia natural foi esquecida, principalmente nesta época de horário de verão. Ninguém mais quer saber da naturalidade solar, de sua luz. Basta à luz ser ofuscada e lá vão os amigos das companhias de energia e botam o dedo no interruptor e “Fiat lux”. Detesto essa mania, pode parecer implicância, sinal da idade, porém as luzes devem ser acionadas num momento de completa escuridão. Breu. Do contrário a que se aproveitar da energia natural. Economizar. E aí há muita diferença com a avareza.
            Durante este mês de dezembro que chega ao seu final daqui a dois dias o que mais se viu por aqui, em Porto Alegre, foram matérias faladas e escritas que retratavam sobre a falta de energia elétrica à população. Milhares de portoalegrenses, que comemorariam ao Natal tiveram suas ceias ceifadas, pois a pouca comida que seria dividida entre os familiares fora estragada. Falta de energia elétrica. Vinte e quatro, quarenta e oito, setenta e duas horas foram o tempo mínimo que a companhia responsável pela energia elétrica no Estado, na Capital, demorou a atender aos servidores cumpridores de seus impostos. Tudo bem... Para eles são mais alguns, ainda mais por se tratarem de homens e mulheres moradores da Zona Sul ou da Zona Norte. Os mais prejudicados foram os moradores da periferia, sempre desprezados, lembrados apenas no momento das eleições. Comerciantes tiveram mercadorias jogadas ao léu, pois nem mesmo os animais irracionais se aproximavam para sanar a sua fome. Revoltados alguns moradores atearam fogos em pneumáticos e protestaram; esta é a forma de serem ouvidos, já que a diplomacia atinge o seu ápice apenas no período eleitoreiro.


Crianças e adultos sem água e agora sem energia. A despreocupação das empresas privatizadas e dos serviços públicos é tamanho que até hoje muitos sofrem com a interrupção constante destes serviços, mesmo o cidadão pagando suas contas e impostos regularmente. A luz natural já é algo banal!

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