segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Davi e Golias: a luta com palavras numa arena


Enquanto o Brasil partilhava da dor da população de Santa Maria-RS, o inferno permanecia, o fogo não queria apagar. Na Vila Farrapos, onde fica o Golias denominado de Arena do Grêmio, aquele bairro mesmo, conhecido como Humaitá, pelos burgueses que almejam não serem tratados como pobres era tragado pelo poder ígneo. Um cenário apavorador. Centenas de famílias vendo suas pequenas casas serem consumidas pelo poder avassalador das chamas e não poder fazer nada.
            Durante horas queimaram lares, esfacelaram-se corações e desabrigaram milhares de pessoas vítimas do que a imprensa prefere chamar de fatalidade. Para uma senhora que acusaram de bêbada e viciada em crack atribuíram a origem do incêndio. Parece ser muito fácil e simples. Mas será que este não seria o aviso para aqueles casebres que ali estavam instalados se retirarem de um local estragégico para o embelezamento da tão falada Arena gremista? São suposições que não podemos deixar de colocar em discussão. Não estamos acusando nenhuma empresa, nenhum time de futebol, muito menos os seus dirigentes, porém a população, dona dos casebres ventilados pela mídia, permanecerá naquele local? Prédios, hotéis, shopping não fazem parte de uma arquitetura futura? E os lares que acinzentados encontram-se ao chão retornarão ao seu estado natural? Viverão estas pessoas ainda naquela vila chamada Liberdade? Será que eles estão livres mesmo? Até quando? Não ficou mais fácil agora limpar aos restos e dar uma boa vista ao gigante Golias? Onde está o Davi? Davi é um educando que perdeu sua casa, viu terminar em cinzas o que seus pais passaram anos construindo e tentando manter. Porém contra este Gigante que vem apavorando a população não há como lutar, pois se falamos eles nos acusam de denegrir a imagem de um clube com conduta ilibada e contra o dinheiro não há fatos, não há argumentos e se insistirmos seremos extintos do mapa.

            Não podemos deixar de questionar, é nosso dever como cidadãos exigirmos que o brasileiro tenha sua dignidade mantida, sua moradia, mesmo que casebres. Curvar-se ao capital exagerado seria dar uma nova volta à história bíblica e deixar que o Golias saia como o vencedor. Como todo final feliz, é isso que a ficção nos apresenta, lutemos para que esta gente retorne aos seus lares e possam viver dignamente. É só isso que pedimos! Será que alguém poderá ajudar-nos? Se Davi venceu Golias com uma pedra, atiraremos nossas palavras.

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