As
nuvens escuras se espalhavam pelo céu seco e azul anil. O anúncio se tratava de
um temporal. Árvores acenavam de um lado para outro, num bailar constante, as
mais fortes resistiram, porém aquelas, ainda não enraizadas no chão, deram
adeus ao seu lugar cômodo. Os seres humanos que de suas janelas observavam
pareciam não acreditarem. Temporal igual aquele somente nos livros de ficção.
Os pingos d’água começavam a cair do céu plúmbleo numa
velocidade dantes nunca visto, as gotas de água que não eram mais gotas,
transformaram-se em gelo, adquiriram peso e feriram àqueles que pelas ruas e
campos andavam. Animais feridos, plantações devastadas, proprietários
desesperados. Preços que se elevariam com a perda de uma série de alimentos.
Pelas ruas, principalmente as da periferia,
transformaram-se em rios, talvez uma extensão do Guaíba; ratos que boiavam na
sujeira que se espalhava pelas ondas imundas. Além deles baratas e outros
tantos animais que almejavam se abrigarem. Eram vítimas daquele momento como os
demais seres, dentre eles os humanos. Casas destelhadas, obras destruídas e
crianças na chuva esperando por uma solução. Nas paradas de ônibus pessoas se
aglomeravam e procuravam se abrigarem para fugir da agressão do temporal. Os
veículos não se locomoviam, o trânsito estava parado. A cidade parou.
Das dependências de seu gabinete o nobre Prefeito bradava
em alto e bom som: “Evitem sair de suas casas...”. Mas as pessoas, seres humanos
que trabalham, já tinham saído, era final da tarde, início da noite. Ele
parecia não saber que os seres humanos necessitam trabalhar, pois necessitam se
sustentarem, fazer com que suas famílias se alimentem, pois ao que tudo consta:
não são políticos e muito menos ocupam cargos pomposos e rentáveis como o atual
chefe do Executivo. A Copa é nossa! E o povo?
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