Escrevo para que os leitores
leiam, seria essa a definição do senso comum, porém o meu anseio é por muito
mais... Escrevo para que as pessoas reflitam, para que aprendam a pensar
pensando sobre aquilo que escrevi. Que sejam capazes de me criticarem,
desfilarem o seu veneno como as mais peçonhentas das víboras, mas que também
possam me afagarem com os seus elogios, deixando-me vaidoso, feliz, pronto para
escrever mais...
Escrevo
pensando em existir, em me sentir, em detectar o mundo a minha volta, em
entender o comportamento humano. Escrevo esperando pelo inusitado, pelo
diferente, a espera da misteriosa inspiração, porém o que me aparece apenas é a
laboriosa página surgida com a transpiração. Suor seria a palavra mágica para o
texto moldado, definido, inusitado. Enganam-se os que questionam o trabalho de
um escritor, alegando ausência de trabalho. Pelo contrário, o suor é a sua
marca, os calos são sua sina e as dores de cabeça os acompanham.
O
texto só nasce da união entre o amor e o trabalho, entre a paixão e a razão,
entre o ser e o não-ser, um mundo cercado de antônimos. E depois de tantas
páginas escritas, papéis rasgados, canetas estouradas pelo excesso, o texto vai
se definindo, apresentando-se como adulto, ganhando formas, mas tudo pode
acabar de repente, pois somos dominados pelo ócio, aquele em que a preguiça,
sua aliada, pega-nos e somos nós absorvidos pelo nada que nos leva a nada. Eis
então, a invenção da roda e tudo começa novamente, esta busca ansiosa pelo
texto perdido, a palavra não-dita, o enredo engasgado, o texto maldito...
Palavras
são como o vento, sopradas e esquecidas, caso não sejam anotadas naquele
momento somem como graus de poeira. E o texto precisa ser inesquecível, pronto
para levar à reflexão, apto a promover discussões, cravando o punhal naquele
coração esquecido, saudoso pelo vocábulo definitivo.
Escrevo
para fazer minhas filhas dormirem, para encantar minha esposa, para alegrar aos
meus pais, para satisfazer aos meus amigos, só não escrevo textos de autoajuda,
pois destes estou cansado, são como os remédios paliativos, depois perdem o seu
efeito, caem no esquecimento, diferente da potente literatura, esta que faz
pensar, analisar, se sentir. Escrevo para a mais triste das almas, pois quero
vê-la feliz. Tento alimentá-las e induzi-las a progredir. Escrevo.
2 comentários:
Olá, achei bastante interessante suas observações. Você manuseia muito bem as palavras. Sucesso!!!
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