Esta
aí um verbo de difícil conjugação. Antes de conjugá-lo faz-se necessário o
domínio de seu significado, pelo contrário não há necessidade de colocá-lo nas
pessoas do verbo.
Sei
que com muitos dos colegas que converso, principalmente com aqueles que fazem
uso da escrita, todos são decididos ao afirmarem: nós procrastinamos. E quem
ousou não procrastinar? Este vocábulo me remete ao soar do pecado, ao ferir a
doutrina divina, ao descumprir os mandamentos, ao impor seu ócio preocupante a
frente de seu ócio labutador (existe?). Parece que continuamos devendo, falta
algo, não cumprimos com o nosso dever, é bem isso. Ligou o editor e pediu a
matéria para o jornal de amanhã, cadê o seu artigo? Onde estão suas duas
crônicas para aqueles jornais que tu escreves? Compromisso é compromisso!
Assumiu, há de cumprir!
Mas
somos uma nação de procrastinadores, seres acostumados a deixar tudo para
amanhã, adiamos ao máximo compromissos que nos estabelecem prazos. Somos
levados ao último e derradeiro dia para quitá-los. As longas e quilométricas filas
são sinônimo da nossa procrastinação, do estabelecimento da nossa preguiça, das
nossas heranças indígenas (quem sabe?) ou talvez a natureza trazida pelos
nossos colonizadores. Também quem resiste a uma festa com os amigos, ao
encontro dos filhos numa festa infantil,
de uma conversa facebookiana ou mesmo aquele capítulo da telenovela das
vinte e uma horas. Todas estas oportunidades são uma pedra no caminho daqueles,
principalmente, que escrevem. E quando ainda não conseguimos sobreviver
integralmente da profissão escritor aí sim o bicho pega, ou seja, é muito mais complicado, tudo se torna mais difícil.
Provas para corrigir, aulas para elaborar, livros para serem lidos nas datas
marcadas, além de uma série de elementos burocráticos que atravancam nossos
destinos. E a quantidade de redações que ainda temos para corrigir quando somos
professores de Língua Portuguesa?
Outro
dia me ligaram: “E aí, Sérgio? Tudo bem?”.
Respondi que sim. Era do jornal.
Desejavam os meus textos, aqueles semanais. Seria falta de organização? Talvez.
Será que aquele trabalhador que vive da luta no campo procrastina? Será que
deixa de acordar cedo, pela madrugada? Esquece da sua bóia que chega fria ao
seu trabalho? Não, este não. Ele é o alicerce, é subjugado pela sociedade,
menosprezado pelos cidadãos, pouco amado pelos patrões, explorado pela nação.
Este não tem como procrastinar, pois quando ele parar a sociedade sentirá e aí
sim reclamarão, pois não há ninguém que possa fazer o serviço deles com primor,
sem procrastinação...
Um comentário:
Amigo preciso falar com o responsavel sobre onde ví que você está citado lá. Poderia me ajudar?
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