O despreparo de alguns
textos expostos aos quatro cantos da Terra me dá medo. Sinto vergonha, pena...
Escritos sem o mínimo de atenção ou mesmo com o despreparo amparado no seu
autor que nunca leu um livro, textos salpicados como simples, conquistam cada vez mais aos leitores
desavisados.
Com um olhar de “Salvador
da Pátria”, estes escritos tomam conta do mercado editorial, ganham às
páginas dos periódicos e se incorporam no cotidiano dos leitores brasileiros.
Não falo dos erros gramaticais que se avolumam nestas obras, mas ressalto a
importância da linguagem literária para que tal obra seja considerada digna da
nossa tão gloriosa Literatura Brasileira. Sei que Machado de Assis, assim como
Rui Barbosa encontram-se enfurecidos em seus túmulos, sei também que o pessoal
da Linguística, também, não andam satisfeitos com estas produções, mas o
mercado editorial sim. Cada vez mais estas, se é que podemos considerar como
obras, ganham destaque nas estantes das grandes livrarias do País.
Saber fazer comida toda dona de casa ou aquele que no
mínimo acompanhou sua mãe ou avó no passado sabe fazer. É lógico que existem os
detalhes, as surpresas empregadas pelos denominados magos e fadas da cozinha
nacional, porém um prato que possa alimentar é feito por qualquer ser humano
que esteja apto em relação às suas funções neurológicas (cuidado ao trocar sal
por açúcar na composição do seu prato) e físicas. O restante é conversa para boi dormir. Talvez essa
avassaladora onda de chefes seja
fruto dos inúmeros programas televisivos que apresentam os nossos alimentos nas
mãos de gente famosa e que nunca foi para uma cozinha. Fazem sim aquelas
guloseimas pelo fato de possuírem as edições, porque caso fossem se lançar ao
vivo para elaborar a um prato simples nada seria feito. E depois colam aquelas
num papel e o chamam de livro.
Outra proposta destes denominados “Best seller” são os inúmeros conselhos que são dados por pseudomédicos ou mesmo profissionais da
saúde ou qualquer guru metido a filósofo que afirmam possuírem a cura para
qualquer mal deste século e de outros. Pura enganação... Cure-se da sua depressão em uma semana; enriqueça em uma semana (ou ganhe na megassena ou trabalhe muito,
mas muito ou faça aliança com um deputado, senador etc e vá trabalhar em
Brasília, estas propostas sim são marcas reais do enriquecimento imediato).
Quantos destes conselhos, destas orientações, que sabemos
que não passam de pura invencionice já
não foram bradados pela Literatura, através sim dos seus Magos e Fadas da
escrita. Através de nuances perfeitas, histórias bem elaboradas, personagens
que empolgavam, discussões que se tornaram clássicas, incógnitas que permanecem
vivas até hoje... Esta sim é a Literatura de verdade, este sim é o texto real
(mesmo sendo obras da ficção), relatos, narrações que nos conquistavam,
poderosas em nos fisgar, levar-nos ao clímax, ao ápice do desejo de querer
sempre mais...
Estou farto desta literatura desmedida, imposta pelo fato
apenas de vender livros em troca de uma mentirosa boa vida. Estou enojado desta
escrita medíocre que nasce na TV e depois se estende para as prateleiras das
livrarias, deste texto mesquinho que ocupa páginas inteiras de jornais dantes
classificados como bons para leitura (uma alusão aos jornais que servem apenas
para limpar a bunda). Os leitores necessitam destas informações, porém não é
lendo estes desclassificados textos que se tornarão pessoas melhores, essa
mudança é você quem faz e a Literatura de verdade lhe possibilita os passos, de
uma maneira leve, suave, rica em tramas, dotada de enredo, personagens, tempo,
espaço, narradores etc., algo que também te leva a pensar, a exercitar o seu
cérebro, mas nunca será apresentada a solução. Literatura de verdade, texto bom
diz que tu cairá e que poderá se levantar, mas isso é contigo...
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