sábado, 1 de março de 2014

O outro lado do texto

O despreparo de alguns textos expostos aos quatro cantos da Terra me dá medo. Sinto vergonha, pena... Escritos sem o mínimo de atenção ou mesmo com o despreparo amparado no seu autor que nunca leu um livro, textos salpicados como simples,  conquistam cada vez mais aos leitores desavisados.
            Com um olhar de “Salvador da Pátria”, estes escritos tomam conta do mercado editorial, ganham às páginas dos periódicos e se incorporam no cotidiano dos leitores brasileiros. Não falo dos erros gramaticais que se avolumam nestas obras, mas ressalto a importância da linguagem literária para que tal obra seja considerada digna da nossa tão gloriosa Literatura Brasileira. Sei que Machado de Assis, assim como Rui Barbosa encontram-se enfurecidos em seus túmulos, sei também que o pessoal da Linguística, também, não andam satisfeitos com estas produções, mas o mercado editorial sim. Cada vez mais estas, se é que podemos considerar como obras, ganham destaque nas estantes das grandes livrarias do País.
            Saber fazer comida toda dona de casa ou aquele que no mínimo acompanhou sua mãe ou avó no passado sabe fazer. É lógico que existem os detalhes, as surpresas empregadas pelos denominados magos e fadas da cozinha nacional, porém um prato que possa alimentar é feito por qualquer ser humano que esteja apto em relação às suas funções neurológicas (cuidado ao trocar sal por açúcar na composição do seu prato) e físicas. O restante é conversa para boi dormir. Talvez essa avassaladora onda de chefes seja fruto dos inúmeros programas televisivos que apresentam os nossos alimentos nas mãos de gente famosa e que nunca foi para uma cozinha. Fazem sim aquelas guloseimas pelo fato de possuírem as edições, porque caso fossem se lançar ao vivo para elaborar a um prato simples nada seria feito. E depois colam aquelas num papel e o chamam de livro.
            Outra proposta destes denominados “Best seller” são os inúmeros conselhos que são dados por pseudomédicos ou mesmo profissionais da saúde ou qualquer guru metido a filósofo que afirmam possuírem a cura para qualquer mal deste século e de outros. Pura enganação... Cure-se da sua depressão em uma semana; enriqueça em uma semana (ou ganhe na megassena ou trabalhe muito, mas muito ou faça aliança com um deputado, senador etc e vá trabalhar em Brasília, estas propostas sim são marcas reais do enriquecimento imediato).
            Quantos destes conselhos, destas orientações, que sabemos que não passam de pura invencionice já não foram bradados pela Literatura, através sim dos seus Magos e Fadas da escrita. Através de nuances perfeitas, histórias bem elaboradas, personagens que empolgavam, discussões que se tornaram clássicas, incógnitas que permanecem vivas até hoje... Esta sim é a Literatura de verdade, este sim é o texto real (mesmo sendo obras da ficção), relatos, narrações que nos conquistavam, poderosas em nos fisgar, levar-nos ao clímax, ao ápice do desejo de querer sempre mais...
            Estou farto desta literatura desmedida, imposta pelo fato apenas de vender livros em troca de uma mentirosa boa vida. Estou enojado desta escrita medíocre que nasce na TV e depois se estende para as prateleiras das livrarias, deste texto mesquinho que ocupa páginas inteiras de jornais dantes classificados como bons para leitura (uma alusão aos jornais que servem apenas para limpar a bunda). Os leitores necessitam destas informações, porém não é lendo estes desclassificados textos que se tornarão pessoas melhores, essa mudança é você quem faz e a Literatura de verdade lhe possibilita os passos, de uma maneira leve, suave, rica em tramas, dotada de enredo, personagens, tempo, espaço, narradores etc., algo que também te leva a pensar, a exercitar o seu cérebro, mas nunca será apresentada a solução. Literatura de verdade, texto bom diz que tu cairá e que poderá se levantar, mas isso é contigo...

           
 

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