A caneta em
minhas mãos percebe o meu subjetivismo impregnado neste coração que cansa, mas
não desiste de batalhar. Quando a empunho parece que as forças se juntam e
ainda vejo a luz se acender.
Da janela do
apartamento vejo o vento soprar rude, indisciplinado, assoviando ao mais alto
tom e sem problemas continua a balançar as copas das velhas e gastas árvores
que ainda imperam nos jardins deste condomínio. Senhoras que caminham de um
lado para o outro parecendo não se importar com nada, outras tomando chimarrão
na grama da praça, conversando sobre amenidades, sobre a felicidade e ele ali
aflito, desiludido a espera de uma solução. Os cachorros correm, outros
obedecem aos seus donos, o guarda apita, bronqueia-se com o condômino. Do alto
das suas janelas duas mulheres discutem, batem-boca,
e o tempo passa, os problemas continuam, as tristezas aumentam, as alegrias
também passam, acontecem, mas parece que não notamos. Casamentos são feitos,
realizados, outros se desfazem. Alguns nascem do mais simples e puro amor,
outros realizados pelo acaso, há àqueles que se somam pelo poder, porém àqueles
que se esfacelam, crescem com a falta de compreensão, com o exíguo diálogo;
outros pelas amenidades, através das desilusões, da ausência de sentimentos, da
simples e pura falta de enfrentar juntos, ganhar juntos, conquistar juntos, perder juntos. Enquanto escrevo um
senhor grita, repreende sua filha e ela afirma: “Mas não fiz nada”. É dessa incompreensão que falo, é dessa
ausência de sentimentalismo que brado, é desse ar triste que reclamo. Sei que
não nascemos para ser tristes, infelizes, porém estes são empecilhos e de uma
maneira ou outra estarão ao nosso lado. E é de forças que necessitamos,
principalmente a união, uma maneira de nos fortalecermos, visualizarmos os
mesmos campos, com posições distintas, mas almejando a felicidade.
O escritor
capta isso, absorve estes detalhes, entristece com os acontecimentos, pois
somos sensíveis, também sofremos, passamos por diversos momentos angustiantes,
que parecem sem solução, mas sempre avistamos os verdes vales a brilhar...
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