sábado, 3 de maio de 2014

A caneta do escritor

A caneta em minhas mãos percebe o meu subjetivismo impregnado neste coração que cansa, mas não desiste de batalhar. Quando a empunho parece que as forças se juntam e ainda vejo a luz se acender.
Da janela do apartamento vejo o vento soprar rude, indisciplinado, assoviando ao mais alto tom e sem problemas continua a balançar as copas das velhas e gastas árvores que ainda imperam nos jardins deste condomínio. Senhoras que caminham de um lado para o outro parecendo não se importar com nada, outras tomando chimarrão na grama da praça, conversando sobre amenidades, sobre a felicidade e ele ali aflito, desiludido a espera de uma solução. Os cachorros correm, outros obedecem aos seus donos, o guarda apita, bronqueia-se com o condômino. Do alto das suas janelas duas mulheres discutem, batem-boca, e o tempo passa, os problemas continuam, as tristezas aumentam, as alegrias também passam, acontecem, mas parece que não notamos. Casamentos são feitos, realizados, outros se desfazem. Alguns nascem do mais simples e puro amor, outros realizados pelo acaso, há àqueles que se somam pelo poder, porém àqueles que se esfacelam, crescem com a falta de compreensão, com o exíguo diálogo; outros pelas amenidades, através das desilusões, da ausência de sentimentos, da simples e pura falta de enfrentar juntos, ganhar juntos, conquistar  juntos, perder juntos. Enquanto escrevo um senhor grita, repreende sua filha e ela afirma: “Mas não fiz nada”. É dessa incompreensão que falo, é dessa ausência de sentimentalismo que brado, é desse ar triste que reclamo. Sei que não nascemos para ser tristes, infelizes, porém estes são empecilhos e de uma maneira ou outra estarão ao nosso lado. E é de forças que necessitamos, principalmente a união, uma maneira de nos fortalecermos, visualizarmos os mesmos campos, com posições distintas, mas almejando a felicidade.

O escritor capta isso, absorve estes detalhes, entristece com os acontecimentos, pois somos sensíveis, também sofremos, passamos por diversos momentos angustiantes, que parecem sem solução, mas sempre avistamos os verdes vales a brilhar...

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